Confira algumas questões realizadas em uma entrevista com o coordenador do curso, o professor João Massarolo
01 – Como surgiu a ideia da Especialização em Produção de Conteúdo Audiovisual para Multiplataforma (EAM)?
O Curso de Especialização retoma e atualiza de um certo modo, a proposta original do Curso de Graduação em Imagem e Som da UFSCar, que tinha como objetivo formar profissionais com uma visão generalista, mas em condições de lidar como um especialista com as mudanças do mercado, principalmente, em relação aos novos modelos de negócios para empresas de mídia e de tecnologias inovadoras aplicadas ao ecossistema midiático. Esses objetivos são discutidos na Especialização, num diálogo contínuo com os saberes tradicionais, buscando realizar estudos sobre startups da área da comunicação, políticas de fomento e inovações tecnológicas, visando a conquista de novos espaços de atuação por parte dos profissionais e recém-formados. Busca-se assim, oferecer a ambos uma visão integrada do ecossistema de inovação contemporâneo e dos processos de criação de conteúdos audiovisuais para multiplataformas. A ideia da criação da Especialização surgiu também, como uma necessidade que vimos nos últimos tempos de compartilhar o saber produzido pelo grupo GEMInIS (http://www.geminis.ufscar.br/) principalmente de pesquisas realizadas no campo das narrativas transmídia, conteúdo multiplataformas, séries e webséries, imersão em realidades ficcionais, ativismo em rede, métricas e monitoramento de redes sociais, big data e a cultura participativa, entre outros temas.
2 – Como a EAM se diferencia de outras especializações existentes na área?
A proposta da EAM possui um caráter inédito no Brasil, considerando que a indústria de produção de conteúdos para multiplataformas é uma área relativamente nova e que, por isso mesmo, trata-se de um campo em formação, apropriado para o desenvolvimento de startups audiovisuais, bem como para a gestão e o empreendedorismo audiovisual. Nos módulos que fazem parte da grade curricular da EAM são discutidas as medidas que se fazem necessárias para o estimulo do mercado audiovisual multiplataformas. Neste sentido, pode-se dizer que o diferencial da EAM em relação às demais especializações existentes na área, reside principalmente no seu caráter inovador, em que a defesa da horizontalidade da cadeia produtiva visa estimular a participação ativa do usuário em todas as fases de realização de um projeto multiplataformas, desenvolvido no ambiente dos arranjos produtivos locais do audiovisual. Gostaria de destacar também, que as tecnologias disruptivas convergem para os temas de pesquisas desenvolvidas pelo grupo GEMInIS. Atualmente, por exemplo, o grupo GEMInIS tem se dedicado a pesquisar a adoção do algoritmo e da inteligência artificial pelas empresas de midia brasileira, com o objetivo de inventariar as mutações ocorridas na cadeia produtiva do setor e os seus reflexos no mercado audiovisual.
“Um outro desafio que se apresenta e que exige especial atenção é o fato de que o cinema e a televisão não irão morrer, mas serão revolucionados pela distribuição de conteúdos multiplataformas pela internet, principalmente pelos serviços de video sob demanda. Por exemplo: a criação de um canal e a produção de conteúdo para internet ainda não faz parte das grades curriculares, mas isso não impede que os criadores sejam agenciados.”
03 – Qual o grande desafio das produções transmídia no Brasil?
Creio que o principal desafio das produções transmídia consiste em impulsionar a indústria de produção de conteúdos multiplataformas para o caminho do empreendedorismo e da inovação, buscando validar as alternativas que se apresentam no contexto das recentes mudanças estruturais do mercado. Neste processo, a criação de universos narrativos é uma das principais estratégias utilizadas para promover o engajamento do usuário através da distribuição de narrativas para diversas plataformas, onde a participação dos usuários é um elemento chave das narrativas transmídia e a sua importância se faz notar ainda mais, quando o engajamento é promovido através dos sistemas de autoprogramação desenvolvidos por empresas como a Netflix. Um outro desafio que se apresenta e que exige especial atenção é o fato de que o cinema e a televisão não irão morrer, mas serão revolucionados pela distribuição de conteúdos multiplataformas pela internet, principalmente pelos serviços de video sob demanda. Por exemplo: a criação de um canal e a produção de conteúdo para internet ainda não faz parte das grades curriculares, mas isso não impede que os criadores sejam agenciados. Por outro lado, os serviços de streaming ocupam espaços cada vez mais importantes do mercado audiovisual e as empresas produtoras de conteúdo para nichos buscam públicos segmentados, o que vai de encontro aos interesses do usuário das plataformas.
“O futuro desse profissional que desejamos formar na EAM sairá capacitado para atuar na intersecção das áreas da comunicação e do audiovisual, um produtor e gestor de conteúdos capacitado a utilizar a lógica transmídia para a criação de universos narrativos multiplataformas e o desenvolvimento de novos formatos televisivos, além de explorar o potencial criativo das tecnologias a serviço de empreendimentos inovadores no campo audiovisual.”
04 – Qual o futuro do profissional da área de produção de conteúdo audiovisual?
Pode-se dizer que na formação desse profissional, juntamente com os conhecimentos de especialista é agregada noção de empreendendorismo e inovação, fazendo com que o seu campo de atuação se amplie, englobando desde startups audiovisuais até novos modelos de negócios gerados pelas tecnologias disruptivas. Trata-se de um campo de atuação com um enorme poder de crescimento, que contempla a produção de conteúdos para mídias convencionais (cinema e televisão, entre outras), bem como a criação de canais para a distribuição de conteúdos na internet (Youtube, entre outros) e o desenvolvimento de projetos para a indústria de videogames, incluindo a área de animação, além da prototipagem de produtos inovadores, destinados aos novos mercados audiovisuais. O futuro desse profissional que desejamos formar na EAM sairá capacitado para atuar na intersecção das áreas da comunicação e do audiovisual, um produtor e gestor de conteúdos capacitado a utilizar a lógica transmídia para a criação de universos narrativos multiplataformas e o desenvolvimento de novos formatos televisivos, além de explorar o potencial criativo das tecnologias a serviço de empreendimentos inovadores no campo audiovisual.
João Massarolo é doutor em Cinema pela Escola de Comunicação e Artes (ECA)/Universidade de São Paulo (USP). Professor Associado do Departamento de Artes e Comunicação (DAC/UFSCar) e do Programa de Pós-Graduação em Imagem e Som da Universidade Federal de São Carlos (PPGIS/UFSCar). Coordenador do grupo de pesquisa GEMInIS e Especialização em Produção de Conteúdo Audiovisual para Multiplataforma (EAM/UFSCar)