O diretor coreano Hong Sang-soo, muito curtido aqui neste blog, talvez seja o diretor com o cinema mais simplório dos dias de hoje.
Mas o simplório de Hong Sang-soo é um grande elogio.
Mais uma vez ele usa de situações totalmente banais pra discutir “o sentido da vida”.
Aqui 2 histórias acontecem paralelamente, em princípio sem nenhuma ligação, mas que aos poucos vamos descobrindo que tudo tem ligação com tudo.
Uma atriz que acaba de voltar a Coreia, recebe uma conhecida da família, uma jovem que quer ser atriz, para conversar e receber conselhos.
Em outro ponto, um dos poetas mais admirados da Coreia, recebe em sua casa uma estudante que quer fazer um documentário sobre ele e também um jovem que quer ser ator e quer conselhos de vida do poeta.
Em um apartamento elas discutem sobre colocar pasta de pimenta no lamem, em outro eles discutem sobre beber e fumar.
Em um apartamento elas falam sobre ter um gato e sobre amizades, em outro eles falam sobre pra que serve a poesia.
As conversas que o diretor Hong Sang-soo coloca nas bocas de suas personagens são tão universais que poderiam ser ditas por qualquer um deles, ou por qualquer outro personagem em qualquer outro lugar do mundo.
Ele ter focado suas reflexões em 2 apartamentos simples na Coreia nos mostra o quanto o diretor é daqueles que segue a cartilha de Drummond que disse “conte a história do seu vilarejo que ela reverberará no mundo inteiro”.
O simplório do Hong Sang-soo é o universal, é falar de cerveja sem álcool para falar de vida, é falar de sabonete brasileiro para falar de vida, é discutir poesia e beber até cair em apostas infantis.
O simplório é colocar como personagens principais um poeta respeitadíssimo e alcoólatra e como contraponto uma atriz fracassada que não consegue nem cuidar do gato de sua amiga, como se esses fossem os pontos altos e baixos da humanidade.
Errado ele não está.
NOTA: