Começar o ano com resenha de (mais) um filme novo do Nicolas Cage pode ser um bom augúrio. Ou não. Eu prefiro acreditar que sim, já que O Homem dos Sonhos é o melhor filme do Nic desde Mandy.
Pra começo de conversa o filme foi escrito e dirigido pelo norueguês Kristoffer Borgli, diretor do nosso preferido Sick Of Myself.
Queria entender, de verdade, como Borgli conseguiu que este filme fosse produzido e distruibuído pela A24, estrelado por Cage, já que Sick foi lançado não muito antes deste. Parabéns pra ele.
Aqui Nic é Paul, um professor universitário totalmente nerd, daqueles que a gente mal lembra o nome, casado, com 2 filhas adolescentes e que de repente, do neida, as pessoas começam a sonhar com ele.
E quando digo as pessoas é muita gente.
E o cara é tão insignificante que mesmo nos sonhos ele só aparece no fundo, sem interferir em nada, para o bem e para o mal. Só que esse homem que aparece totalmente fora de contexto faz com que as pessoas se lembrem dele por isso mesmo.
Sua fama vai aumentando à medida que as pessoas conversam sobre ele e também depois que uma ex namorada de adolescência publica um texto contando quem é o cara com quem tudo mundo está sonhando.
Boom! Paul vira uma celebridade online absurda, é procurado para fazer comercial de refrigerante, para fazer viral com o Obama e, acredite se quiser, passa de nerd feio e mal vestido a homem desejado.
Pela fama.
E aí está o ponto principal do filme, discutir o famoso de internet, o influencer de Instagram, o tiktoker, o cara famoso por nada, por aparecer em sonhos e só.
Borgli faz seu filme direitinho, como se deve, com resquícios de filmes do Charlie Kaufman. Tudo direitinho mesmo, ainda mais nesta época em que o surreal, a comédiz bizarra, está se tornando um novo gênero onde comédia e horror se misturam e nós espectadores não sabemos se rimos ou gritamos de medo.
Mas diferente de um Yorgos ou de um Spike Jonze, Borgli não se joga o suficiente e seu filme é quase maravilhoso, apesar de que Nicolas Cage esteja maravilhoso.
E enfim chego onde queria: eu estava com saudade do muso Cage experimentando, com cabelo errado e barba branca, com a roupa mais horrorosa de todas, que explica exatamente quem seu personagem é e o melhor de tudo, com uma atuação de tirar o chapéu, passando de 0 a 100 para 0 de volta em quase todas as cenas a partir de um momento chave do filme.
O Homem dos Sonhos é produzido pelo Ari Aster, na A24, e eu espero que mais filmes como este sejam feitos, lançados e sirvam de influência para muitos outros que por aí virão.
NOTA: