Um dos filmes britânicos mais legais dos últimos anos é Bait, do diretor Mark Jenkin.
Filmado lindamente em 16mm, sobre uma comunidade pequena, bem autoral, bem íntimo, Bait criou uma expectativa gigante sobre o que viria depois.
E veio Enys Men, o filme que eu mais estava ansioso para assistir neste 2023.
Não diria que me decepcionei mas obviamente eu esperava um Bait 2, com o mesmo cinismo, também com um elenco incrível e o melhor, com a mesma complexidade fílmica.
Mas Enys Men não é nada do que eu esperava.
O filme é um estudo de personagem, se me permitem a classificação cabeça.
Na ilha de Enys (o Men do título é de “mane”, não de homens) vive uma voluntária que observa o desenvolvimento de uma flor rara, onde dia após dia faz sua anotação (sim, no singular) e passa o resto do dia sem ter o que fazer nessa ilha rochosa.
O que acontece é que a voluntária vai bem aos poucos “sofrendo” as consequências do isolamento e o filme vai se transformando em um delírio psicodélico dos bons.
Os limites entre realidade e delírio vão se fundindo e a gente embarca na viagem do diretor Jenkin que aos poucos vai nos presenteando com “aparições” importantes para o fiozinho que é a história da voluntária.
Uma dessas aparições é a do barqueiro vivido por Edward Rowe de Bait.
Enys Men é considerado um horror folk ou um horror metafísico mas na minha humilde opinião o filme é um drama psicodélico onde onde o horror só aumenta um desespero de roteiro que nos joga na cara momentos geniais em um filme quase maravilhoso.
NOTA: