Esta é uma resenha sem a menor possibilidade de spoiler até porque eu não vou falar nada sobre a história de Pobres Criaturas porque o mínimo que a gente sabe sobre o filme é o suficiente pra tirar qualquer mínimo de surpresa que a getne tenha na experiência deste que é a melhor comédia surreal quase de ficção científica da história do cinema (?).
Animado eu? Super.
Pobres Criaturas é o novo absurdo perfeito E maravilhoso do grego Yorgos Lanthimos, de novo escrito por seu roteirista extraordinário Tony McNamara e de novo estrelado pela cada vez mais impressionante Emma Stone.
Eu sei que ela não vai ganhar o merecido Oscar de melhor atriz esse ano por causa da Lily Gladstone ser a primeira indígena indicada e as 2 vem competindo na categoria nas premiações anteriores de pertinho. Lily é maravilhosa, o filme do Scorsese é maravilhoso mas o que a Emma faz em Pobres Criaturas a gente nunca viu antes.
Pra mim ela mereceria o Oscar só pela cena do “xixi” nos primeiros 5 minutos do filme. Na verdade nem pela cena em si, mas pela cara que ela faz neste momento em particular, que me fez soltar meu primeiro grito no cinema nas 2 horas e 10 minutos de duração de um filme que terminou muito mais rápido do que eu desejava.
Como disse essa semana que gostaria de uma série anual do filme Ferrari, eu amaria ter uma série de Pobres Criaturas só por causa do universo criado por Yorgos e sua equipe inacreditável de fotografia, direção de arte, figurino, maquiagem e principalmente pela direção de elenco.
Claro que isso não vai acontecer mas mereceria.
Yorgos fez o filme mais europeu possível em Hollywood e por um momento eu achei que isso estragaria Pobres Criaturas: o mundo irreal criado para essa história surreal não cabe em um filme com um ritmo tão de filme de ação como alguns momentos do filme indicam mas Yorgos sabe melhor que a gente, sabe quando acelerar e principalmente sabe quando parar.
Pobres Criaturas, por baixo de toda sua aura linda e estranha e bizarra é o maior filme feminista do ano, o filme que o povo da Barbie deve ter sentido ao mesmo tempo prazer e ódio depois de assistir e ver que não precisa de discurso feminista com musiquinha climática num filme quando você só pode criar uma personagem que não está nem aí pra o que os homens tentam mandar que ela faça o tempo todo.
E daí volto a Emma Stone, a atriz que desde que estrelou em A Escolhida de Yorgos, segurou a mão do diretor, abriu uma produtora e falou, bora, meu amigo, vamos fazer filmes que ninguém mais faria e que vão fazer com que nos reverenciem e nos agradeçam depois de cada sessão.
É pra isso que estou aqui, pra agradecer primeira Emma Stone por ter produzido esse filme e segundo e principalmente agradecer Yorgos Lanthimos por existir.
NOTA: