E o último filme do grande William Friedkin, feito pra televisão (ainda existe isso?), não é um grande filme como eu esperaria que fosse.
Não é ruim, claro, até porque o Friedkin é, ou foi, um dos grandes cineastas vindos dos EUA.
Mas a gente viu filmes de tribunais melhores que The Caine Mutiny, refilmagem, aliás, que ao mesmo tempo que tem um Kiefer Sutherland em um papel que parece ter sido escrito de presente para ele, tem umas pessoas no elenco que literalmente entram mudas e saem caladas.
O filme se passa inteiro, ou 99% dele, em um tribunal de corte marcial que julga se um oficial da marinha deve ser condenado por motim ou não.
Tal oficial diz que não foi motim, que ele “tirou” do poder, com a ajuda de outros oficiais, o alto oficial de um navio de guerra no Golfo Pérsico.
E para provar ele criou um diário de “atos de loucura” que o oficialzão (o Kiefer) perpetrou durante a viagem deste navio.
Atos estes que teriam colocado a integridade do navio em risco além da vida de seus tripulantes e pior, a vida e integridade de tripulantes de outros navios que por lá passariam já que este navio deveria detectar e desarmar bombas marítimas.
O filme é hiperbólico, como eu imagino que deva ser um tribunal militar em qualquer lugar do mundo, onde pessoas com suas altas patentes gritam e esbravejam e se sentem muito superiores e que seus subordinados devem ouvir, baixar a orelha e se ajoelhar a seus mandos.
Friedkin faz questão de deixar claro isso tudo, principalmente no vai e vem dos advogados de acusação e defesa, mas também no juiz do caso (Lance Reddick fazendo o papel dele mesmo de novo, mas brilhante como sempre em sua própria pele).
A direção de elenco deste filme é de se tirar o chapéu e se mais dinheiro tivesse, tenho certeza que Friedkin nos entregaria mais closes nos momentos exatos e principalmente uma edição mais ousada, já que refinada a que temos já é.
Última pergunta: quando o sempre ótimo Jason Clarke vai virar a estrela que merece ser?
NOTA: