Eu sei que um filme é “mais que bom” quando eu venho aqui escrever algumas linhas sobre o mesmo e parece que eu acabei de assistí-lo, mesmo quando, neste caso, já faz quase 2 semanas que tive esse prazer.
As 8 Montanhas estreia hoje no cinema e faça um favor a si mesmo, vá assistir esse drama italiano, dirigido por uma dupla belga que eu amo muito, Felix Van Groeningen (diretor dos meus preferidos Bélgica e The Broken Circle Breakdown) e Charlotte Vandermeersch, esposa de Felix, co-roteirista ede seus filmes e estrela dos 2 que eu citei.
E se precisasse mais, o filme ainda é estrelado por 2 dos maiores nomes do cinema italiano atual, meu preferido Alessandro Borghi e o sempre incrível Luca Marinelli.
As 8 Montanhas é um filme sobre amizade e amor, de 2 meninos que se unem na infância pela geografia, por terras nas montanhas italianas onde um deles, Bruno, nasceu e o outro, Pietro, sempre passa férias.
O pai de Pietro vê em Bruno um jovem com muito potencial e o leva para a cidade grande para estudar, já que ele passava sua adolescência trabalhando nas terras do tio, no que Pietro adora a ideia de ter seu melhor amigo morando com ele.
Mas o tempo vai passando e eles vão se distanciando já que Pietro, como todo jovem revoltadinho, tem problemas com o pai a ponto de fazê-lo sair de casa e procurar seu caminho na vida.
Anos depois eles se reencontram de novo nas montanhas com um projeto em comum: reconstruir uma casa nas terras das famílias para que eles não as percam por abandono.
E a história da amizade e do companheirismo é imediatamente revivida depois de anos de separação.
E o mais legal é que mesmo a criação e a educação totalmente díspares de Bruno e Pietro faz com que eles se estranhem em seu reencontro.
O amor fraternal, de família mesmo, é maior que qualquer acaso que tenha sido responsável por separações que aconteceram em suas vidas e os dramas da vida adulta, os problemas e as felicidades, acabam tendo ressonâncias “épicas” no relacionamento dos 2.
As 8 Montanhas é uma surpresa do início ao fim, um filme que mesmo com todo este meu texto, “2 amigos, irmãos, se separam, se reencontram, amor fraterno, família”, que pode parecer cafona, por causa de um roteiro absolutamente bem escrito e bem realizado por mãos ao mesmo tempo corretas e ousadas cinematograficamente. Não por acaso o filme saiu com o Prêmio da Crítica do Festival de Cannes em 2022.
O filme é de uma beleza e de uma serenidade únicas, mesmo não sendo um filme com uma pegada mais “romântica”, no sentido filosófico e não carnal do termo, o que se deve totalmente ao casal que dirige.
Todo o pop visto nos filmes anteriores dos belgas, ao que parece, acabou sendo uma escola para que eles se tornassem uma dupla de diretores mais que competentes, com uma noção única do que é filmar e contar uma história, qualquer que ela seja.
NOTA: 1/2