O “problema” de um aproveitar tanto um festival de cinema que eu amo tanto como o Fantasia Festival, onde passo pelo menos 2 semanas só assistindo pré estreias de filmes incríveis do mundo inteiro, todos estranhos, doidos, muitos bizarros, já que é um festival de cinema de gênero, fantástico, com foco em horror, fantasia, ficção científica, thriller e por aí, o problema todo é voltar à realidade cinematográfica mundial e assistir um… drama.
Fuén. Mas veja bem, War Pony é um filmaço, só queria ter amado mais, acho que se tivesse aparecido um disco voador vindo do esgoto, mas não.
Mesmo que esse drama, no caso o americano War Pony, tenha vencido um dos grandes prêmios do Festival de Cannes deste ano, o Câmera de Ouro, prêmio para o melhor filme de estreia de quem o dirige, no caso uma dupla formada pela Gina Gammell e pela minha preferida da vida, neta do Rei, Riley Keough.
War Pony é um belo filme, rodado em 2 reservas nos EUA, que mostram de maneira muito dura e crua, quase como um documentário de tão invisível que é a câmera, como sobrevivem os jovens mais perdidos e marginalizados de povos já marginalizados.
O filme foca sua narrativa em 2 deles, um jovem que já tem 2 filhos pequenos, mora com a família, não tem quem cuide das crianças e ele não tem como conseguir dinheiro a não ser fazendo serviços nem tão legítimos e Matho, uma criança, ainda entrando na adolescência que rouba drogas de seu pai traficante para batizar e vender com os amigos bem moleques e daí pra baixo.
Em um momento do filme as histórias se cruzam da maneira mais linda e inesperada possível, o que me surpreendeu muito.
Mas nem precisava.
Eu fiquei no início do filme pensando qual seria a ligação entre as vidas de 2 jovens tão diferentes e na verdade fui aos poucos pensando que suas vidas devem ter sido absolutamente iguais, sendo que o mais velho já passou pelo que a criança está passando.
E chegou onde chegou, o que dá uma agonia pensar como e onde o moleque vai chegar daqui uns anos.
A dupla de diretoras mostrou que sabe bem o que estava fazendo.
Além de cru, o filme é muito potente, com personagens que parecem ter sido escritos por um Dostoievski vivendo no mundo de metanfetamina.
War Pony é um De Profundis dos bons, dos melhores. E acredito que as histórias aqui contadas sejam mais comuns do que a gente possa imaginar. O que me dá mais medo ainda.
Viva a Gina, viva a Riley!
NOTA: 1/2