Sabor do Desejo é um filme que tinha tudo pra ser ótimo.
Primeiro que é estrelado pelo ator dos atores, o maravilhoso dinamarquês Nicolaj Coster-Waldau.
E isso já deveria ser suficiente pro sucesso, mas infelizmente não é.
O cruel Jaime Lannister de Game of Thrones é Carsten, um chef de cozinha muito criativo e muito competente que abre um restaurante com sua namorada, futura esposa, com o único propósito de ganhar uma estrela Michelin, a maior honraria do mundo gastronômico.
O problema de Sabor do Desejo é que o filme se importa mais com a vida pessoal do chef do que com o trabalho dele no restaurante.
Se Sabor do Desejo fosse bom seria algo parecido com o ótimo inglês Boiling Point que eu resenhei esses últimos dias.
Em uma história sobre restaurantes, fama, busca pelo ideal, nada é mais interessante que a vida na cozinha, com seus personagens trabalhando muito, dormindo pouco e criando pratos que seriam viagens a portais desconhecidos do prazer do paladar.
Mas aqui o roteiro parte para caminhos infelizes, como mostrar a rixa do cozinheiro com seu irmão, ou o sumiço do filho pequeno do casal principal ou uma história de traição que vai do nada ao lugar nenhum.
O que salva Sabor do Desejo e me faz recomendar o filme é não só Nicolaj Coster-Waldau, um ator que ainda não foi tão longe quanto deveria, mas também Katrine Rosenthal que vive a esposa que também vive para o restaurante e tem mais camadas interessantes do que eu poderia imaginar.
Mas falta um monte de coisas: momentos de dúvida, momentos de prazer, momentos de transcendência, que é o que a gente quer ver em uma história de alguém tão genial quanto um chef que quer o que quer.
Pra não dizer que não encorajei tanto, a surpresa do filme, que por alguns preguiçosos poderia ser considerada a reviravolta de roteiro (mas que não é) é bem boa.
Sim, Sabor do Desejo (apesar do título cafona) é desses.
NOTA: 1/2