Antes de mais nada, pra começo de conversa, eu que não sou fumante odeio ver uma atriz não fumante fazendo o papel de uma personagem fumante em um filme como O Ninho onde a tal personagem não só fuma como uma chaminé mas também quer dar muitos recadinhos através de suas baforadas.
Por melhor e mais incrével que seja Carrie Coon (que praticamente salvou The Leftovers), aqui ela me faz sofrer sem saber o que fazer com a quantidade desesperadora de cigarros que ele porta (e não fuma) durante o filme.
Sua personagem já é fodona e segurar um cigarro, tê-lo como batuta de comando sobre seu marido folgado, banana e idiota seria a grande coisa do filme.
Mas não é.
Gente que enche a boca de fumaça e solta tudo de uma vez para dizer uma frase enquanto nós mortais assistimos essa cena dantesca deveria ser proibida de representar um fumante.
Cadâ o povo da apropriação cultural?
Cadê as hordas de fumantes de bandeiras em punho nas portas dos estúdios gritando versos roucos de pigarro e com rimas primárias para que acabem de usurpar seu direito fumagálico de viverem os melhores e mais cínicos, sensuais e pseudo cerebrais do filme da forma que eles devem ser vividos.
A insignificância trágica de O Ninho bate de frente a escolha do elenco, onde uma boa atriz vale muito mais que uma atriz que seja realmente fumante e que saiba não só bater uma cinza mas também falar com a boca cheia de fumaça.
Eu que não sou fumante, que odeio cigarro, poderia inclusive me colocar a disposição para organizar a marçha das tabagistas de Hollywood e de onde sairiam atrizes (e atores e todo resto de equipe) fumantes com carteirinhas comprovando o quanto os seus dons tabagísticos de anos de treinamento mental e de detrimento físico possam ajudar a muito a contar uma história tão insignificante e mal escrita e pior, mal dirigida e interpretada como a desse O Ninho.
NOTE: