Demorei mas assisti a maravilha que é Valentina, o filme brasileiro finalista da Mostra de Cinema de São Paulo.
Valentina é uma adolescente trans que vive todas as agruras do preconceito enraizado no povo brasileiro por todo lugar que passa com sua mãe.
Seja onde moravam, seja na cidade pra onde acabaram de se mudar, seja na sua própria família, seja com pessoas próximas que já chegam com o papo “eu não tenho preconceito nenhum, mas…”.
Vivida brilhantemente pela atriz Thiessa Woinbackk, o filme é acima de tudo um documento político sobre os dias de hoje, sobre os anos 2020 em um país afogado no tradicionalismo cristão retrógrado.
Thiessa faz com que nos enxerguemos em Valentina, com seus receios, seus medos, seus choros mas principalmente com sua força para lutar e sobreviver.
E você não precisa só se LGBTQ+ para se sentir representada na tela.
Valentina não só grita pelas trans, mas também pelos pretos, pelos pobres, pelos “macumbeiros”, pelos viados, sapatões, travestis, estranhos, tortos, altos, magros, gordos, baixos, todo mundo pra quem os “certinhos” viram os olhos ou atravessam a rua, mas com quem a noite transam sem beijar na boca.
O filme do diretor Cássio Pereira dos Santos é obrigatório não só para o você político, mas principalmente para o você amante de cinema, para entender como um filme desses, feito com pouco dinheiro e em campanha no catarse para seu lançamento nos cinemas em 2021, é um dos filmes mais potentes do anos.
Muito bem escrito e dirigido, com um elenco tão peculiar que parece que não só foi escolhido a dedo mas que também foi tratado com o melhor e maior cuidado durante as filmagens.
Palmas para o Cássio e muitas e muitas palmas para Thiessa Woinbackk que deu vida a Valentina, uma das grandes personagens de 2020.
NOTA: 1/2