Maja (Maia), é uma menina que no dia de seu aniversário de 8 anos, quando ganha de presente de seus pais uma daquelas caixinhas de música meio diorama, que ficam girando e contando uma história, morre.
Trágico.
3 anos depois, para homenagearem a memória de Maja, seus pais Elin e Tobias partem em uma viagem mal planejada.
Tensos, nervosos, eles acabam parando no meio do caminho, no meio da estrada, em uma clareira, para passarem a noite acampando.
E o que acontece com eles ali é um pesadelo que se repete infinitamente, como se as personagens do diorama de Maja ganhassem vida, personagens cruéis, violentos, sanguinários que atormentam Elin e Tobias numa espiral de loucura e violência que se repete exaustivamente
Koko-Di Koko-Da pode ser considerado a versão desgraçada de Feitiço do Tempo.
Ou uma versão de horror surreal, que também seria uma desgraça.
Um ano depois de perder Koko-Di Koko-Da na Mostra de São Paulo e de ter ficado doido por isso, consigo assistir o filme absurdo, apesar da legenda ruim (absurda também, mas no mal sentido).
O filme sueco não é nada do que eu esperava e já chega chegando com a morte de Maja, totalmente repentina.
Quando a história começa a se repetir sem parar, fiquei pensando no quanto a morte da filha tinha a ver com isso e o diorama, o último presente da menina acaba se tornando a resposta a tormenta infinita de seus pais.
Koko-Di Koko-Da, que é uma canção infantil que aparece logo no início do filme, em um almoço também surreal e absurdo (seriam sinônimos? acho que não), já nos dá a impressão do que nos aguarda, apesar de ser só uma impressão que na verdade está bem longe da realidade do filme.
Eu acho que nunca assisti nada parecido com isso, em relação a repetição temporal e eu fico pensando o quanto esse filme seria um sonho de uma bad trip do Einstein com o Dali, tomando uma dose excessiva do LSD mais puro possível.
Sonho porque os pais de Maja vão tendo consciência das repetições, principal seu pai que tenta fugir de qualquer forma de seu final já conhecido.
Mas o diretor Johannes Nyholm é mais astuto que seus personagens e ele, diretor, seria a inteligência artificial suprema que se corrige e se aperfeiçoa em uma situação de repetição.
Quando o sujeito acha que resolveu o problema, o problema volta diferente, mais complicado ainda.
Koko-Di Koko-Da é daqueles filmes que não sairão da minha vida, que servem como referência de ousadia e criatividade no cinema, uma viagem psicodélica surreal de horror trash pelo mundo do cinema de arte.
NOTA: