Aviva é o filme perfeito para estar na programação principal de um festival de cinema fantástico como o Fantaspoa.
O filme foi escrito e dirigido por um dos meus preferidos, Boaz Yakin
, um cara que escreve mais que dirige mas que estreou como diretor em 1994 com um dos meus filmes preferidos da vida, Fresh, sobre um traficante de 12 anos de idade que usa sua capacidade de geniozinho de xadrez para se dar bem no submundo de Nova York.
26 anos depois de Fresh Yakin nos presenteia com o absurdo Aviva.
E absurdo não necessariamente no melhor sentido do adjetivo.
A melhor coisa de Aviva é que ele é sobre uma história de amor fluido, de um casal fluido, ele americano, ela francesa que resolve atravessar o oceano para viver essa paixão.
Só que ambos personagens também são fluidos, ele também é mulher e ela também é homem, num jogo de troca de atores e atrizes que por muitas vezes quase me lembrou Esse Obscuro Objeto do Desejo de Buñuel, onde Carole Bouquet e Angela Molina viviam a mesma personagem ao mesmo tempo e faz com que o roteiro tenha milhões de possibilidades de encontros, desencontros e ressignificações lindas.
Em Aviva são 2 atores e 2 atrizes que vivem ambas os gêneros de cada personagem desse casal principal e só por isso o filme já merece todas as claquetes da minha nota, sendo que as claquetes que faltam para a nota máxima tem um peso enorme.
Sinto informar-lhe mas Aviva, o drama fantástico surreal é um musical.
Pois é, falha minha, mas eu não sou super fã de musicais, apesar de amar Fame e Flashdance (que nem é musical) e Moulin Rouge.
Mas Aviva é um filme onde, desde o início, quando uma atriz avisa, é vivido por bailarinos que também atuam, porque o tempo inteiro tem dança. Muita dança.
O bom do filme é que o povo não sai cantando no meio das cenas. Mas sai dançando.
Inclusive um dos personagens diz que ele acha péssimo quando o povo sai cantando em musical e que ele não faria isso. Médio.
A grande coisa do musical é que a trilha do filme é maravilhosa. De verdade. Um absurdo de boa.
Mas em pleno 2020, acho que não dá pra assistir um musical de exatas 2 horas de duração, mesmo com as melhores bailarinas, dançarinas e dançarinos possíveis.
E olha que Aviva é um drama bacana e só não é uma comédia romântica malucona, na minha opinião, por razões estéticas, mais que filosóficas até.
Gosto bem de Aviva. Poderia gostar mais? Ô se poderia, se o filme tivesse uns 40 minutos a menos.
Pra assistir, é só clicar aqui.
Ah, claro, lancei o Já Ouviu?, o podcast deste blog e você ouve no Spotify clicando aqui.
NOTA: