Meu pior pesadelo, a coisa que mais tenho medo na vida é acabar morando na rua, me tornar um sem teto.
Feral conta a história de Yazmine, uma homeless que vive nas “cavernas” do subterrâneos do metrô de Nova York desde o “sumiço” de sua mãe, muitos anos atrás.
O filme mostra como Yazmine sobrevive numa cidade cega, onde ninguém olha pra ninguém, pior ainda se esse ninguém for uma homeless.
O máximo que ela consegue é uma bituca de cigarro e uma surra, eventualmente.
Yazmine é a fera do título, um ser humano que aos poucos vai perdendo essa “humanidade” e vai se encontrando no mais primitivo instinto animal.
Não que ela queira ou busque isso, acaba sendo iminente que algo assim aconteça.
Afinal, você perde contato com as pessoas, ninguém quer te ajudar, ninguém quer saber de você e a parca ajuda que te oferecem não é aquilo que você precisa.
Feral é punk, é bruto, feroz mesmo e com uma violência grave em quase todas as cenas.
Só que não aquela violência de filme de ação, de tiro, porrada, mas sim a violência do desprezo, da insignificância, a violência que sofre alguém que não pode tomar banho e ser fedor afasta as pessoas que por perto passam.
A violência sofrida por Yazmine vi além dos socos na cara, dos pontapés no estômago e do seu dinheiro roubado.
O diretor Andrew Wonder coloca sua câmera sempre muito próximo de sua personagem principal para nos mostrar o quanto ela sofre o tempo inteiro, apanhando ou não apanhando.
Enxergamos em close como uma pessoa como ela deve se sentir quando chega uma nevasca e tudo o que ela tem pra usar é um par de moletons.
Wonder conta a história de Yazmine como se fosse a última história a ser contada, com a urgência mais que necessária, para que cada close, cada cena, cada tragada de cigarro seja um soco em cada um de nossos estômagos.
NOTA: 1/2