Obrigado Deusas do Cinema, o legado Cronenberg está vivo.
Possessor é o novo filme de Brandon Cronenberg, filho do Mestre dos Mestres David Cronenberg, nosso Amo e Senhor.
Possessor é um body horror, um horror de carne e mente, de tecnologia, de ficção científica, de personagem e de sangue, muito sangue.
Possesssor parece um roteiro que o pai David teria escrito nos anos 1990 com a tecnologia e o futurismo dos anos 2020.
Sendo que esse futurismo está cada vez mais possível e provável, aquele horror da vida real que eu sempre digo ser o meu preferido.
Filho de peixe, peixinho é. Se é tubarão, tubarãozinho é.
Lembra dos filmes do Cronenberg dessa época, quando a gente assistia, achava linda e tinha medo ao mesmo tempo e saía pensando que tudo aquilo que ele nos mostrou era de alguma forma possível? Ou pelo menos provável, em um futuro bizarro.
Bem vindos ao futuro bizarro dos anos 1990.
Os Cronenberg talvez sejam a grande dupla de pai e filho diretores que não só jogam absolutamente no mesmo time como poderiam facilmente enganar o incauto sobre quem dirigiu qual filme.
Possessor conta uma história bem doida, beeeeem doida, de pessoas com implantes cerebrais que são pagas para entrarem na mente de outras pessoas, e por consequência, controlar seus corpos para realizar assassinatos.
Tipo o matador de aluguel do futuro.
Queria ser mais explícito nos porquês aqui, mas prefiro que você assista o filme com o mínimo de informações possíveis, como eu o fiz.
Possessor parece uma viagem psicodélica que deu muito errado e que quanto mais a gente tenta que a doideira passe, pior ela fica.
A velha e boa bad trip.
Só que nos personagens do filme.
A paranoia criada no roteiro é tão grande que eu jurava que, no meio do filme, tudo explodiria e não sobraria ninguém e o filme começaria do zero, porque não teria mais para onde caminhar.
Daí vem o fofo do Brendam Cronenberg com um duplo mortal twist carpado no roteiro que a gente descobre que não é logo depois e o filme continua sua brilhante descida aos infernos da mente e do corpo humano.
Muito do brilhantismo do filme se dá ao elenco inacreditável, encabeçado por 2 super preferidos meus, Andrea Riseborough (de Mandy) e Christopher Abbott (de Ao Cair da Noite).
Assistir o que esses 2 monstros fazem num filme desses, artistas que estão prestes a se tornarem gigantes do cinema, artistas que se entregam de corpo e alma a um projeto tão “bizarro” como Possessor é de lavar a alma cinéfila.
Para completar, Cronenberg ainda coloca como coadjuvantes chiquérrimos o próprio Boromir/Stark Sean Bean e ninguém mais ninguém menos que a diva germofóbica, atriz do pai David, objeto do filme do divórcio da Netflix, Jennifer Jason Leigh, mais linda que nunca e em seu melhor papel dos últimos anos.
Se o mundo fosse de verdade um lugar bacana, teríamos pelo menos uns 2 filmes por ano estrelado por JJLeigh.
Possessor é punk, desconfortável, indigesto e um dos 10 melhores filmes que com certeza você vi assistir em ano de pandemia global.
NOTA: