Por Lugares Incríveis é a nova comédia romântica da Netflix, que de romântica não tem quase nada e de comédia menos ainda.
Eu tô criando uma teoria, já bem documentada, sobre filmes de horror e do quanto esses filmes tem mais a ver com a “loucura” (ou com as paranóias ou os distúrbios, como queiram chamar) dos personagens do filmes do que com fantasmas e espíritos e demônios propriamente ditos.
Por Lugares Incríveis é um filme que fala o tempo todo sobre problemas psicológicos de vários personagens e que só não é um filme de horror porque a autora do livro que deu vida ao filme preferiu tratar tudo como um romance fofo.
Elle Fanning é Violet, uma menina que começa o filme no parapeito de uma ponte e é vista por Finch (Justice Smith) que bem tranquilamente se aproxima dela e faz com que ela desça do lugar perigoso onde ela está.
Violet é a lindinha do colégio, namora um bonitão, é amiga das influencers mas está bem deprimida porque sua irmã, sua companheira, morreu num acidente de carro.
Finch é o ovelha negra da escola, o estranho, o pária, o moleque que só entra em encrenca, o cara que os lyndos amam odiar.
Só que obviamente ele é um moleque que lê muito, conhece poesia, cita Virgina Woolf e aos poucos se aproxima de Violet porque descobre nela, nessa fase bem deprê, alguém parecido com ele, que está na vida só porque não tem jeito mesmo.
E assim começa o suposto romance da suposta comédia romântica que aos poucos, quanto mais vamos conhecendo os personagens a fundo, vamos percebendo que a história está a um passo de uma tragédia anunciada, já que hoje em dia nada mais é tão simples quanto deveria ser.
E aqui entra minha teoria sobre histórias de horror.
Se o diretor e os produtores obviamente quisessem, a fofura toda do filme se transformaria numa carnificina linda (esteticamente falando e melhor ainda, dramaturgicamente falando).
Por Lugares Incríveis poderia ser um primo americano adolescente de Funny Games do mestre dos mestres Michael Haneke.
Mas daí é eu querer demais, né?
O filme é só uma fofura da Netflix, com a Elle mandando bem e o mais legal, com o Justice alçado ao posto de galã adolescente, fugindo do estereótipo branco malhadinho de olhos azuis e cabelo de lado.
NOTA: 1/2