Aaaaaaa-leluia. Aaaaaaaaaaaaaaleluia.
Comemoremos: Steven Soderbergh fez um filme bom depois de uns 20 anos.
A Lavanderia, que estreou na Netflix, não é um ótimo filme, mas não é uma porcaria como todos os filmes do diretor queridinho desde Trafic.
A Lavanderia é a versão engraçadinha do escândalo dos Panama Papers, lembra, de uns anos atrás?
O legal do filme é que parece um bem dirigido episódio de Desperate Housewives.
E esse foi um estratagema bom porque contar uma história cheia de tecnicalidades ia ser a coisa mais chata do mundo, serviria pra um documentário e olhe lá.
O filme trilha o caminho da historinha onde uma mulher perde seu marido em um acidente e ao acionar o seu seguro e não conseguir receber quase nada, começa a pesquisar por si própria e desenterra um sistema absurdo de corrupção, evasão fiscal e lavagem de dinheiro gigantesco.
Soderbergh assistiu muito filme do Altman para compor seu filme. E também assistiu muita comédia na televisão.
O ritmo do filme é de seriado, cheio de historinhas que vão seguindo um fio condutor comum, o da corrupção.
O problema do filme é que algumas histórias são mais interessantes que o sub tema mais importante, como o bilionário corrupto que tem caso com a amiga da filha e suborna a própria filha para que ela não conte a sua esposa, a mãe da menina.
O elenco do filme é lindo, com Meryl Streep como a mulher que começa a fuçar e com Antonio Banderas (de novo? assisti 3 filmes com ele esse ano?) e Gary Oldman como os donos das empresas de fachada em paraísos fiscais que fodem como tudo e todo mundo por bilhões de dólares e que acabam sendo o braço poderoso da Odebrecht, como vemos lindamente ao fim do filme, quando as coisas começam a tomar um rumo razoável. O problema é que os 2 são os narradores do filme e junto com a Meryl, narram muita coisa pra câmera, pra nós espectadores, o que me irrita sempre.
Mas não só isso. Soderbergh faz questão de contar que os EUA são um dos países mais sacanas nessas questões de evasão fiscal, não taxação de fortunas e dívidas milionárias. E seus políticos vendem esses problemas como se acontecessem fora do país quando o lixo está debaixo de seus tapetes.
A Lavanderia começa bem, vai irritando e quando você se dá conta a que veio, dá um pequeno prazer que eu não esperava mais encontrar em filme do Steven.
Netflix, acertou desta vez.
NOTA: 1/2