Dan Fogelman é um dos roteiristas de This Is Us, a ótima série dramática (que virou uma série chata melodramática a partir da temporada do ano passado) onde as vidas de um casal e seus filhos vai sendo contada da forma mais legal de todas, com vários tempos e espaços ocorrendo ao mesmo tempo, cheios de idas e vindas.
Por causa disso, do sucesso da série, o cara conseguiu estrear na direção de longas com A Vida Em Si.
Alguém deveria ter dito: amigo, estamos quase em 2020, não vai me fazer um filme onde vários casais, de diferentes épocas, tem suas vidas cruzadas por um evento bem dramático.
Sim, em 2019 o cara fez aquela coisa chata de historinhas que vem e vão e que ao final do filme você vê que tudo sempre esteve ligado e a gente que não percebeu. Porque o diretor não mostrou, claro.
O roteiro não é ruim, é super bem amarradinho, em princípio sem nenhum furo. Mas eu nnao posso garantir porque a partir de um momento, quando apareceu o Antonio Banderas, eu parei de prestar um pouco de atenção.
Sim, em 2019 tem gente que ainda faz filme com o Antonio Banderas que não o Almodovar.
O filme começa contando a história de um casal que se conhece na faculdade, vai morar junto, ela engravida e o amor explode tão lindamente como nem eles achassem que fosse acontecer.
Só que eles se separam, ele é internado em uma clínica mental por não suportar a separação e quando sai, tenta lidar com essa perda.
Esqueci de dizer que, obviamente, o filme é dividido em partes, cada uma delas com o nome de um personagem principal. Ou de um casal principal.
Tem essa primeira do casal em Nova Iorque, depois tem um casal na Espanha, com o Banderas como o patrão do casal que se interessa pela mulher, claro.
Por fim, tempo depois, tem a história de 2 jovens que se conhecem e se apaixonam da forma mais bonitinha possível.
O grande problema do filme é exatamente a principal força do roteiro, pelo menos pro diretor: o evento dramático, como eu chamei, que liga todas as histórias é um desgraça e a partir do momento que ele se revela, tudo deveria ir por água abaixo.
Mas estamos em 2019 e a esperança de redenção está mais viva do que nunca, mesmo em obras de arte. Tá, desculpe, em filmes, porque A Vida em Si está longe de ser uma obra de arte. Muito pelo contrário?
Aliás, qual o oposto de obra de arte?
Uma coisa que me irrita muito e que A Vida em Si tem aos borbotões são cenas que te incitam a acreditar em alguma coisa e um tempinho depois a cena é desmentida de alguma forma e o que você acreditava não o é. Acho isso uma bela sacanagem de roteiro. Por exemplo, mostrar em um encontro um casal quebrando o pau e lá na frente mostrar que era uma viagem de um dos dois. Acho muito ruim esse tipo de “pegadinha”.
Fogelman escreve um roteiro acertado em estrutura mas tão pretensioso que tem um momento que dá vontade de bater no primeiro casal do filme.
Eles discutem a vida em si do título, dizendo que as histórias são sempre contadas de formas mentirosas e que a vida em si é a mais mentirosa forma de se contar uma história.
Para isso, tem um discurso gigante da Olivia, tentando explicar sua teoria que viria a ser sua tese de faculdade.
Chata demais.
A Olivia em questão é a Wilde. O elenco do filme é incrível com ela mais Oscar Isaac, Mandy Patinkin, Olivia Cooke, Laia Costa, Annette Bening, Antonio Banderas e mais uma galera.
Se você gosta desse tipo de filme enrolado e demorado, fique com This Is Us, principalmente com a primeira temporada, onde as idas e vindas no tempo funcionam perfeitamente.
NOTA: