Quando eu comecei assistir Clube Zero, o novo absurdo da diretora austríaca Jessica Hausner, eu pensei “olha lá ela se juntando de novo com sua atriz fetiche, a australiana Mia Wasikowska.
Lá pelo meio do filme eu fiquei pensando, não pera, as 2 nunca trabalharam juntas antes.
O filme anterior de Jessica é o quase bom Little Joe e não, não tem a Mia por lá.
Mas Mia é a atriz perfeita para dar vida a personagem principal do universo quase anódino da austríaca. Eu digo que seus filmes são uma mistura do cinema frio e duro norueguês com um pé nas cores do Almodóvar só que usadas por razões contrárias às do gênio espanhol.
O Clube Zero do título é um grupo de alunos criado pela professora Miss Novak em uma escola bem norueguesa/espanhola só que na Áustria onde ela dá aula de alimentação saudável.
Mas de uma forma radical.
Mesmo.
Onde o gol final é não comer mais. Daí o clube zero, de zero comida, onde segundo a doida, ops, a professora, as pessoas além de salvarem o planeta da destruição ecológica da indústria alimentícia, ainda alcançam o nirvana limpando seu corpo de tudo desnecessário que ingerimos quando comemos.
Alguns adolescentes entram nessa pira (como diria uma amiga) mas alguns outros, menos, hmm, idiotas, percebem o quanto essa ideia é irracional. E suas reclamações chegam aos pais, que também são os administradores da escola e medidas devem ser tomadas.
O que poderia descambar para um drama radical, ou mesmo um horror de vingança, o que não seria nada mal, a finesse do cinema de Jessica Hausner se sobrepõe aos meros delírios simplistas deste que vos escrever e nos entregue um filme que já atinge um nível bem mais elevado que o anterior de criação de universo, de cinema de autor mesmo, onde aqui ela perde um pouco da presunção e ganha pontos com um senso de humor que mesmo sendo quase inexistente, aparece o suficiente para nos mostrar que nada na vida deve ser levado tão a sério, nem a escola, nem a família e muito menos a comida do dia a dia.
NOTA: