Bertrand Bonello é um diretor francês que eu gosto quando (eu acho que) ele acerta e odeio com força quando (eu acho que) ele erra.
Seu mais novo filme A Besta é um dos que me fez odiá-lo com força.
O pseudo drama de ficção científica estreou em Veneza com muitos e muitos elogios e eu estou até agora tentando entender como elogiaram o que elogiaram.
O filme é baseado em um conyo incrível de Henry James, A Besta na Floresta, onde um homem conhece uma mulher que quer casar com ele e ele não aceita, apesar de amá-la, porque ele acha que vai ter um final catastrófico prestes a acontecer. Mas seu fim não chega e ele muito velho, anos e anos e anos depois descobre que a única catástrofe foi ele acreditar em algo que nunca aconteceu.
Aqui, o malucão Bertrand Bonello, o diretor do extremo francês, resolve transformar esse conto em uma história que se passa em 3 momentos diferentes da humanidade, começando em 2044 numa distopia onde a IA tomou conta de tudo e uma mulher precisa entender sua vida presente a partir de vidas vividas em passados diferentes.
Olha que ideia ótima! Até eu me animei com essa premissa.
Só que Bonello faz o que quer do jeito que quer e o pseudo casal (não) ideal do conto aqui se transforma em uma mulher, Gabriéle (Léa Seydoux), que está constantemente atrás de um homem, Louis (George MacKay), por esses passados, presentes e futuros que não poderiam ser mais sem sentido e mais iguais uns aos outros, como se o encontro deles no século XIX não tivesse nada de diferente do encontro no século XX ou XXI, além das roupas que usam em cada momento.
Ela quer, no futuro, apagar toda a memória que tem incrustrada em seus átomos de todos os momentos que ele já passou com ele e de tudo o que ela já sofreu com ele.
Mas o que vemos não tem sofrimento da parte dela, muito pelo contrário.
A Besta é um filme pretensiosão, o que é bom, porque se fosse menos interessante eu já nem perderia meu tempo escrevendo tanto a respeito.
O que me desanimou foi que a pretensão toda não supriu as expectativas criadas principalmente porque o diretor errou muito a mão na simplicidade de sua cinematografia, o que é uma oportunidade bem perdida porque Bonello se arrisca sempre e poderia ter nos dado um filme inesquecível.
NOTA: 1/2