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  • Data de Criação 4 de dezembro de 2019

André Piero Gatti

Resumo: A exibição comercial cinematográfica no Brasil se encontra em um momento muito sensível da sua trajetória, iniciada no longínquo ano de 1896. Desde então, o ramo passou por uma serie de mudanças Neste texto, pretendo abordar as recentes transformações tecnológicas e do negócio, pois estes segmentos da atividade estão se deslocando para um novo paradigma, que ainda se encontra em construção. O que se pode afirmar é que se trata de uma mudança de grau de qualidade, profundidade e intensidade nunca antes vista. Neste atual cenário, criou-se uma série de situações inéditas e inesperadas, o que nos coloca diante de um processo em constante transformação. Por exemplo, isto pode ser observado no setor na base da infraestrutura, onde as questões de ordem tecnológica – o padrão Digital Cinema Iniciatives (DCI) -, os esquemas de financiamento dos projetores digitais – Virtual Print Fee (VPF) -, a presença dos agentes integradores e outros assuntos que ainda estão por surgir são os elementos que estão dando e darão o tom e o compasso do desenrolar desta intrincada sinfonia de interesses. Por sua vez, as empresas exibidoras de todos os portes entraram em uma desenfreada corrida para que venham adequar as suas salas ao sistema digital, padronizado pelos interesses da MPAA. Os avisos vêm de todas as partes, já que há uma ameaça velada de que, muito em breve, as distribuidoras majors, principalmente, só venham a comercializar seus filmes no sistema digital, levando os projetores 35mm a se tornarem verdadeiras peças de museu. O problema que tal situação apresenta é o fato de quem vai pagar os pesados investimentos que são necessários para que a transição aconteça de maneira horizontal, em nível nacional. O problema da questão de ordem tecnológica esta para além da mera substituição das máquinas, há que se fazer uma adequação logística e de recursos humanos, para que tal tarefa aconteça de maneira satisfatória. Há um senso comum no mercado brasileiro que considera o fato de que o processo de digitalização das salas se encontra em estágio insatisfatório. Por pressão do próprio mercado, esta situação acabou levando o Estado brasileiro, através do BNDES e da Ancine, principalmente, a disponibilizar linhas de financiamento para tal complexa e cara tarefa. Além disso, foram recentemente criados mecanismos legais (aduaneiros e tarifários) com a finalidade de baixar os custos de importação da infraestrutura necessária para a adequação digital da exibição cinematográfica instalada no País. Na lógica do Estado, há um pensamento de que o mercado está crescendo, como de fato está, gerando receita e postos de trabalho, e para que o país não venha diminuir o seu número de salas drasticamente, o setor seria merecedor de uma espécie de PAC para
o segmento da exibição.
Palavras-chave: Exibição digital, 3D, VPF, DCI.