Ano passado, quando eu escrevi o quanto amei Ferrari, eu também falei que meu sonho era ter um filme daqueles por ano, continuação ou prequela mesmo.
Ou ter uma série com uns 6 capítulos por ano.
Ou algo que deixasse o diretor Michael Mann trabalhando o resto da vida dele contando histórias do italiano.
Exagero? Claro.
Mas senti a mesma coisa ao final de Conclave, um thriller que se passa a portas fechadas, no Vaticano, durante a reunião para escolher o próximo Papa, depois que o atual morre.
Que. Filme. Pessoal.
Que roteiro filhodamãe de legal, interessante, que nos pega pela mão no comecinho e vai nos levando por um caminho tortuoso, mas bem cuidando do espectador, nos levando no colo em alguns momentos, pra no final nos jogar no chão pisar em cima da nossa cabeça com os pés sujos de cocô seco de cachorro do caminho tortuoso e nos deixar felizes pela caminhada.
Exagero? Nadinha.
O filme é exatamente isso, um passe livre pelas reuniões politicamente escrotas dos cardeais católicos que se isolam do mundo enquanto não resolvem quem entre eles terá a honra de ser o próximo homem santo, a próxima voz de Deus na Terra.
Será o cardeal pedófilo poderoso? Será o cardeal cheio de filhos escondidos por aí? Será o cardeal tão conservador que é comparado do pior alemão de todos os tempos? Será o cardeal que sabe de todos os podres de todos seus concorrentes?
O que a gente assiste neste absurdo de huis clos, apesar de não ser em um único cenário, é como se fosse, só que um único cenário gigante, como é ainda a opulência da própria igreja católica.
Além disso tudo, o filme tem o melhor elenco masculino do ano, encabeçado por meu inglês favorito Ralph Fiennes, cada vez mais com cara de tadinho, o que me deixa mais espantado que nunca.
Daí pra baixo vai de Stanley Tucci, John Lithgow, Sergio Castellitto, Carlos Diehz e Brian F O’Byrne.
A cereja do bolo é a musa Isabella Rossellini como uma freira poderosa em um papel de 15 minutos, se tanto, de aparição em tela, poderosos o suficiente para ela ser considerada a indicações para prêmios de coadjuvante.
Para sua sorte eu não vou ser idiota o suficiente de soltar spoilers aqui, como vi gente pelo twitter explicando o motivo de falar deste filme e entregando o grande segredo que envolve o Conclave, filme em si.
De novo, espero que saia um pós Conclave, um pré Conclave e uma série anual de 6 episódios estilo A Diplomata. Só pra começo de conversa.
E viva o diretor Edward Berger.
NOTA: 1/2