Eu gosto muito de “épicos” modernos, que são nada mais nada menos que as biografias de “homens” notáveis do nosso tempo.
O problema é que eu gosto desses épicos mais pela biografia do que pelos filmes em si, que estão cada vez mais esquemáticos e sem “alma”.
Este sueco em cartaz na Mostra de São Paulo é mais uma prova disso.
O filme conta a história dos últimos dias do diplomata sueco Dag Hammarskjöld que como Secretário Geral da ONU lutou como pôde para evitar uma guerra no Congo onde um “traidor”, com a ajuda do governo belga, tentou separar uma parte do país, claro que uma parte cheia de riquezas em seu solo.
Por sua ousadia, teve o avião alvejado, quando estava indo para assinar um tratado de paz com o tal traidor. E lá morreu.
Lá no início dos anos 1960 quando isso aconteceu, a queda foi considerada um erro do piloto, mas documentos recém descobertos mostram que sim, o avião foi alvejado, como vemos no filme.
O filme tem um pouco (demais) da vida de Hammarskjöld fora da ONU onde percebemos que ele é um homem gay super no armário, que nega sua sexualidade dizendo que ele é o Secretário da Onu e nada mais.
Essas cenas são boas, mostrando muito do porquê ele ser tão travado e tão coxa, morando num apartamento chiquérrimo, com mordomo e um macaco de estimação, uma vida de dândi extremo.
Já no campo político, vemos que Hammarskjöld era um cara muito inteligente, com pensamento nada óbvio para questões sérias, o que o levou a um dos cargos mais importantes, se não o mais de todos, da diplomacia.
O grande problema do filme é que ele é auto explicativo, com diálogos contando o que está acontecendo, frisando o que estamos vendo, o que me irrita muito e mostra o quanto os roteiristas tiveram problemas ao escrever o filme e fazer tudo caber em 120 minutos.
A grande coisa do filme pra mim não foi conhecer a história de Hammarskjöld mas sim ver o quanto a Onu e suas decisões já eram desconsideradas lá nos anos 1950/60 como são desconsideradas nos dias de hoje. Pelos menos Hammarskjöld – Luta Pela Paz serviu pra alguma coisa.
NOTA: 1/2