Alguns ano atrás eu li algumas matérias sobre o escândalo de um tal “sistema escolar residencial para indígenas canadenses”e fiquei chocado com o que li.
Quer dizer, chocado mas nos dias de hoje, não muito surpreso.
Esse sistema que existiu por décadas no Canadá e em um número maior ainda nos Estados Unidos décadas atrás foi uma forma dos governos “pacificarem e educarem” os indígenas, o que hoje em dia a gente chama pelo nome certo que é limpeza étnica.
Como funcionava: o governo junto com a igreja católica construía escolas e igrejas em terras indígenas para que não só as crianças mas também os adultos fossem “educados para viverem em sociedade”. Ou na sociedade branca colonizadora, claro.
O que foi descoberto alguns anos atrás através de investigaçnoes pesadas a partir de memórias de sobreviventes de décadas atrás foram histórias que ficaram por muitos anos guardadas/escondidas nas memórias dessas pessoas, que as viveram ou que guardam as histórias contadas por seus antepassados que já se foram.
São histórias de todo tipo de abuso infantil, de meninas que engravidavam e “sumiam” assim que pariam, muitas vezes inclusive com os próprios recém nascidos sumindo junto e daí pra baixo.
Este filme, dirigido Julian Brave NoiseCat e Emily Kassie, a partir de investigações minuciosas que tiraram muitos fantasmas das memórias dos sobreviventes, de famílias inteiras que ainda nos dias de hoje sofrem com a falta de informação de onde vieram e para onde foram pessoas cruciais de suas árvores genealógicas que desapareceram, além de pessoas (ainda vivas) que literalmente não fazem ideia de onde vieram, quem são seus pais, nem nada.
Sugarcane é obrigatório para que a gente abra os olhos sobre muita coisa que acontece ao nosso redor e muitas vezes a gente não enxerga ou finge não enxergar, até que os fatos caiam no nosso calo e daí é tarde demais para arrependimentos, para questionamentos do tipo “e seu eu tivesse ajudado” e coisas do tipo.
Sugarcane beira um filme de horror, com histórias absurdas, descobertas de covas rasas literalmente aos pés de onde não deveriam estar e também sobre finalmente pessoas e família inteiras entenderem de onde vieram, mesmo sendo tarde demais e o que se acaba sabendo não é exatamente o que gostariam de saber.
Pior que o pior filme de horror.
NOTA: