Povo detonando Marcello Mio mas eu gostei bastante dessa doideira, desse delírio da Chiara Mastroianni.
O filme vai ter a estreia brasileira na Mostra de São Paulo @Mostrasp, na comemoração dos 100 anos do deuso Marcello Mastroianni, onde outros filmes também serão exibidos, inclusive meu preferido Olhos Negros, Oci Ciornie, do russo Nikita Michalkov, baseado em Tchecov.
Mas aqui em Marcello Mio, Chiara, sua filha com Catherine Deneuve, também artista e atriz como seus pais, está cansada de ser comparada com um ou com outro.
A cena chave disso é quando ela faz um teste ao lado do meu preferido Fabrice Luchini, para a diretora Nicole Garcia, que diz a Chiara “você está muito Catherine, queria você mais Marcello”.
Chiara diz que tem uma revelação e passa a viver como Marcello Mastroianni, seu pai morto há anos.
A nova experiência de Chiara é recebida com espanto por sua mãe, que como a gente vê no filme, é uma companheirona de sua filha e vice versa. Catherine em princípio não sabe como tratá-la, como se dirigir a ela, se ela continua sendo sua filha ou se agora é seu ex marido.
Falando em ex marido, os ex de Chiara também se perdem no começo. O diretor Benjamin Biolay e o galã (e meu preferido) Melvil Poupaud não sabem se é um personagem, se é real ou se ela é trans.
Essa é um pouco a crítica ao filme, pelo que tenho lido. As pessoas não entendem o que está acontecendo com Chiara, com o filme, com nada.
Isso é exatamente o que me fez curtir Marcello Mio. O filme é um drama sério ou uma comédia de absurdos ou uma história surrealista contada por um dos diretores mais ecléticos e interessantes do cinema francês, meu outro preferido Christophe Honoré?
O filme é tudo isso e muito mais, uma ode ao Marcello, com um sotaque italiano carregado, como todos os franceses o chamam, uma ode ao amor, a família, à memória e também às escolhas e à aceitação, algo que a gente tem que ainda e sempre aprender.
NOTA: