Quando estreou no Festival de Veneza ano passado, a crítica caiu matando dizendo que The Palace era o pior filme da carreira do odiado Roman Polanski. Eu só acho que o povo esqueceu de Piratas, com lançamento milionário em Cannes em 1986 e disparado o pior filme do diretor polonês.
Eu coloco o Polanski na mesma gaveta que eu coloco o Woody Allen: 2 pessoas horrorosas que por acaso são 2 dos melhores diretores da história do cinema. E como digo quando Allen lança um filme, qualquer filme do Polanski, por pior que seja, é melhor que 90% dos filmes lançados todos os anos.
E The Palace é ruim sim, mas é uma comédia tão boba e tão ingênua que parece que foi feita por um povo sem muita vontade ou meio sem querer, que só estava lá para receber os cachês e ciao, muito obrigado.
E olha que o filme é co-escrito pelo ótimo Jerzy Skolimowski, o que me deixa mais sem entender o produto final mesmo.
O filme se passa na virada de ano novo de 1999 para 2000 quando todos esperavam o fim do mundo e o bug do milênio, em um hotel nos alpes suíços onde milionários e nobres e famosos, todos muito feios, esperam comer muito caviar e ver uma queima de fogos espetacular.
A gente acompanha as histórias de cada um desses personagens bem pitorescos dentre eles um famoso ator pornô super dotado já aposentado, um cirurgião plástico brasileiro super famoso, uma marquesa francesa que alimenta seu cachorrinho com caviar, um super milionário inglês de 90 anos de idade com sua esposa caipira americana de 20 anos e um ricaço americano truqueiro lá para mais um golpe.
Quando eu falei que todo mundo era feio eu não brinquei. A grande coisa do filme é o show de horror dos personagens de Polanski, meio que saídos de um filme do Fellini, filmados em grande angular, com perucas exageradas, rugas faciais protuberantes mas cheios de jóias e coroas e roupas finas e hábitos mais finos ainda.
E esse povo é vivido pela Fanny Ardant, pelo Mickey Rourke, John Cleese, Joaquin de Almeida, todos super dentro de seus personagens/caricaturas, o que me fez gostar do filme mais do que eu deveria.
Outro ponto favorável do filme é o personagem que alinhava a história toda, o gerente do hotel (vivido pelo ótimo Oliver Masucci) que resolve todos os problemas que aparecem pela longa noite sempre da maneira mais profissional e simpática possível, muito graças aos tubos de ensaio que carrega no paletó com bebidas para lhe dar ânimo, pra dizer o mínimo.
O filme anterior de Polanski, O Oficial e o Espião, pra mim é um dos melhores filmes históricos de todos os tempos e eu esperava que o diretor viesse com mais um absurdo que me deixaria chocado. Mas aqui o choque foi outro com a bobagem que se mostrou logo de início só que com o passar do tempo, fui me afeiçoando ao hotel cheio de gente bizarra fazendo bizarrices.
NOTA: