A Cor Púrpura é um filme baseado em um musical da Broadway que foi baseado em um filme baseado em um livro.
Como gostam de dizer hoje em dia, muitas camadas.
Pra uma porcaria.
Tá, calma Fabiano, não é uma super porcaria mas é uma bobagem que não merece beijar o chão que pisou o filme do Spielberg, estrelado pela Whoopi (que faz uma pontinha aqui) e pela Oprah (que é a dona deste musical).
Este filme é estrelado pela Fantasia Barrino, cantora que se venceu o American Idol e foi a estrela da montagem da Broadway, fazendo o papel principal de Celie, a mulher que sofre a vida inteira, primeiro nas mãos do pai na adolescência, com quem tem 2 filhos que lhes são arrancados pelo monstro.
Depois nas mãos do marido, pra quem o pai praticamente a vendeu, de quem apanha o tempo e sofre todo tipo de violência.
Isso tudo enquanto seu único amor, sua irmã Nettie também é arrancada de seu lado e com quem ela sonha reencontrar.
Entra na história Shug Avery (a bem mediana Taraji P. Henson, que aqui fica pior do que eu esperava), a cantora de cabaré amante do marido de Celie.
Elas se afeiçoam, se entendem e criam um vínculo incrível, junto com Sofia (Danielle Brooks, incrível), a esposa do enteado de Celie que também sofre a vida inteira, mas no caso por ser uma mulher forte que não leva desaforo pra casa.
Como disse, o filme é um musical, tipo Broadway mesmo, cheios de números onde as pessoas tiram os móveis pra dançar e tudo mais, o tipo de musical que não me desce exatamente porque esses números, na minha modesta opinião, quebram o clima do que vinha acontecendo nas cenas, transformando tudo, mesmo a desgraça, em festa.
Pra piorar, a direçnao de arte do filme parece que retrocedeu uns 50 anos no tempo, já que por vezes eu lembrei muito de musicais tipo 7 Noivas Para 7 Irmãos, o que é legal, na verdade, mas não para um filme que pretende quebrar barreiras e até reinventar o estilo.
A Cor Púrpura passa longe.
Tudo é exagerado, superficial, coreografado. E não tô falando dos número de dança, tô falando das cenas dramáticas. Cada tapa que a gente vê no filme parece que demorou dias de repetição para chegarem na cena exibida.
A direção é quase primária, sem emoção, super mecânica e falando em mecânica, preciso falar da Taraji que é uma atriz até que boa em algumas séries que ela já fez mas está longe de ter o star power necessário para fazer a cantora de cabaré poderosa que é Shug Avery, uma mulher que vai contra tudo e contra todos por sua arte.
Mas sim, piora.
O terceiro terço do filme parece de comédia romântica barato do Hallmark, com figurino pobre e sem graça, sendo que o figurino é bem importante no final e com um roteiro que parece ter sido escrito por executivos com falas tiradas de livros velhos e empoeirados de auto ajuda.
A Oprah, a dona do filme, nas entrevistas de divulgação do filme, diz que esta nova versão de A Cor Púrpura não é filme “para sua mãe, mas que sua mãe também vai gostar do filme”. Pra mim esta nova versão é pra minha avó que não tem mais paciência de ver filme e que pode deiar de fundo na tv enquanto ela fala com a amiga e abaixa quando as músicas entram e atrapalham sua conversa diária.
A lá se vão milhões e milhões e mais milhões jogados fora.
NOTA: