Nenhum filme brasileiro é mais importante e mais incrível que Pedágio.
A porrada dirigida pela ótima Carolina Markowicz é um drama dilacerante onde nada está certo na vida de uma mulher que acha que seu filho gay está possuído pelo demo.
E ela acha que seu namorado super picareta, que esconde as coisas que rouba na casa dela, é um lixo até que ela precise da “ajuda” dele.
Maeve Jinkings vive a Suellen como se fosse seu primeiro e último papel (não é, pra nossa sorte), a crente de família, que trabalha como cobradora de pedágio e que só tem uma coisa na cabeça: fazer com que seu filho gay, que faz lives nas redes sociais dançando e cantando, que dão muita vergonha a ela.
Suas amigas cobram que ela faça alguma coisa e Suellen “consegue” uma soma enorme de dinheiro para matricular o filme em um curso de um pastor picareta que promete tirar o demônio do corpo de pessoas LGBT’s, fazendo com que eles “voltem ao normal”.
Claro que Suellen não tem o dinheiro e pede ajuda do ex, ladrão (Tomás Aquino), para conseguir a soma necessária e com ele arma um esquema para assaltarem pessoas mais “ricas” que passam por seu pedágio.
A forma com que a diretora Markowicz escolheu para contar o seu filme, sem câmeraas mirabolantes e sem pegadinhas de roteiro mostra o quanto a inteligência cinematográfica é importante na construção de um filme onde o roteiro e principalmente a direção de elenco são quase sempre mais importantes que as gracinhas de diretores “aparecidos”.
A violência vivida pelo filho de Suellen, Tiquinho (o maravilhoso Kauan Alvarenga) ao ser obrigado a passar pela “cura gay crente” seria o grande tema do filme de Markowicz. Mas na minha opinião a canalhice da mãe com seus parâmetros bem dúbios do que é ser justa e correta.
Roubar pode se é pra conseguir dinheiro pra mudar a natureza do filho?
E o melhor (ou pior para alguns): o final do filme é o grande tapa na cara de Pedágio, um filme que surpreende mais do que esta resenha possa tentar te convencer.
NOTA: