Tô meio muito bem impressionado com a Netflix que lançou o novo filme de um dos meus italianos preferido, o diretor (também turco) Ferzan Ozpetek, do ótimo A Deusa Fortuna.
O diretor se mantém no mesmo caminho de filme gay melancólico com final inesperado e história bem fora do padrão “cinema gay”, pra nosso srte.
Desta vez ele conta a história de uma amor poderoso e fugaz entre o estudante de cinema Enea que no final dos turbulentos anos 1970 conhece o estudante de medicina Pietro no Nuovo Olimpo, um cinema lindo onde passam filmes clássicos, “um por dia, perdeu perdeu”, como diz Titti, a bilheteira diva.
Só que o Nuovo Olimpo também é um cinema de pegação, onde os gays se cruzam pelos corredores em uma época de ppouca liberdade sexual, ainda mais na Itália machista.
Eles clicam de cara, se reencontram no outro dia e no outro, fazem juras de amor, fazem jantares no apartamento vazio da avó da amiga, fazem amor e mais amor.
Até o dia que um protesto político na rua do cinema vira briga feia com a polícia, as pessoas invadem o Nuovo Olimpo e os planos do casal se encontrar mais tarde nnao saem como o esperado.
A lógica do diretor Ozpetek é bem diferente da vigente num cinema de comédias românticas, ou talvez na “dramédia” romântica, onde os acasos são bestas, mas fofos e os finais também são bestas e também fofos.
Os filmes do diretor vão aos poucos pegando o espectador pelas tripas mais do que pelo coração.
O nosso nervoso, a nossa torcida, mais do que para que o casal termine junto no final é para que ninguém tenha uma morte trágica ou algo ainda pior.
O tempo em Nuovo Olimpo é cruel, ao mesmo tempo que tente tratar bem seus personagens, onde a juventude é muitas vezes mais interessante do que a vida adulta, onde os percalços eram mais heróicos (e eróticos), diferente do quase desespero que vem com o tempo, onde as pessoas não podem fazer mais nada de suas vidas além de se lamentar e chegar a conclusões extremas. Lindas, mas extremas.
NOTA: