Nada mais pertinente nos dias de hoje que assistir Cabaré Eldorado: O Alvo dos Nazistas na Netflix.
Em dias que um “pastor evangélico” vocifera em seus cultos e em suas redes sociais que Deus não conseguiu então ele e sua gangue precisam acabar com o povo LGBTQIA+, em dias que depois de ser duramente criticado, esse pastor ao invés de se desculpar vai dias depois e coloca no Instagram foto do Hitler e escreve que ele também foi calado, nada melhor do que conhecer a história.
Durante a ascensão do nazismo na Alemanha, Berlim erra uma das cidades mais receptivas a comunidade queer, que pra quem não sabe o que quer dizer queer é todo mundo que faz parte daquele sigla enorme que vai das lésbicas e gays as trans e mais um monte de letrinha que representa um monte de gente.
Era pra Berlim que se mudavam artistas do mundo todo que descobriram que lá poderiam viver suas vidas em paz. É desta época, por exemplo, que o livro de onde veio o filme Cabaré surgiu e que representa exatamente o que o Eldorado do título: uma boate ou clube ou inferninho com shows de artistas e onde as pessoas que por lá se sentiam representadas, compareciam quase que diariamente.
Inclusive oficiais do mais alto escalão nazista, antes de alguém resolver que as bichas tinham que morrer.
A história do Cabaré Eldorado, que hoje é um mercado de orgânicos super exclusivo, claro, é das mais representativas de uma era.
A pesquisa feita para este documentário, inclusive com sobreviventes que lá frequentaram, com pessoas famosas que lá frequentavam como o tenista alemão gay que não podia jogar torneios internacionais por ter sido declarado bandido por ser gay, onde as pessoas trans se encontravam e trocavam ideias e informações, tudo isso na década de 1920 onde essa “forma de vida” era totalmente underground, em Berlim também era underground, mas lá sabiam que essas pessoas existiam, sabiam onde elas se encontravam e estava tudo bem.
Até que não.
Até que alguns ignóbeis, alguns racistas no poder resolveram que não, que essas pessoas tinham que ser mortas. E eles mataram. Muitas delas. Muitas mesmo.
Assistir Cabaré Eldorado é aprender a história mais pútrida para que ela não se repita. É entender que o respeito, a solidariedade, o amor, adjetivos tão religiosos, tão cristãos, sejam levados em consideração por aqueles que se dizem cristãos mas que usam seus dogmas como desculpas para atrocidades.
Ainda hoje.
NOTA: