Nada do que eu escrever aqui vai chegar aos pés de Personality Crisis: One Night Only, o documentário sobre David Johansen, dirigido pelo Martin Scorsese.
Não sabe quem é o cara?
É só o vocalista dos New York Dolls, o cara que revolucionou a música dos EUA lá nos anos 1970, o punk antes do punk, o glam antes do glam, o loko à frente da banda mais loka de todas, que não sobreviveu por motivos óbvios, infelizmente pra cultura do século XX.
O Scorcese você sabe que é O diretor, que tudo o que faz vira Arte e aqui não é diferente.
Ele filma o show de Johansen de 2020 no Café Carlyle, um lugar que cabem umas 30 pessoas, de uma forma como ninguém mais filmaria.
Além de parecer que estamos sentados ao lado da Debbie Harry dividindo um suco de laranja, parece que Johansen estava olhando pra mim e dizendo “olha Fabiano…” e continua a contar suas histórias maravilhosas que deveriam estar impressas em um livro com folhas de ouro e ser a nova Bíblia.
Ah esse livro é na verdade este documentário, onde além do show, a gente vê David em casa dando entrevistas para sua própria filha cineasta, vemos clipes e mais clipes de shows dos Dolls, do alter ego Buster Poindexter e do próprio David, entrecortados por entrevistas, depoimentos e muita história do maior e melhor pop do século XX que deu à luz tudo o que tem agora por aí.
Pro bem e pro mal.
Assistir 2 horas de um Artista como David Johansen, filmado por um Artista como Martin Scorsese é um privilégio.
A edição deste filme é tão perfeita, tão pensada em seus mínimos detalhes, tão parte importante de toda forma de contar a história que Scorsese divide os créditos de direção com seu montador David Tedeschi.
Deixar de assistir Personality Crisis: One Night Only não é opção.
Corre.
NOTA: