Que felicidade é assistir um dramão iraniano porrada de vez em quando.
Os Irmãos de Leila é um Tolstói nos recônditos terceiro mundistas contemporâneos onde seus personagens estão em busca de alguma coisa.
Ou melhor, em suas vidas desesperadas eles estão em busca de qualquer coisa.
Leila é uma mulher de seus 40 anos de idade, solteira numa sociedade onde mulher se casa cedo.
Ela passa a vida cuidando de seus pais e o pior, de seus irmãos fracassados e suas famílias.
E quanto mais a gente vai conhecendo a história dos irmãos, mais a gente se solidariza com Leila, mulher forte, inteligente e que está cansada de não poder fumar, de não poder se casar, de ter que aguentar o pai tradicionalista também fracassado que espera ser reconhecido por uma família que tem vergonha dele, aguentar uma mãe que não tem olhos pra nada a não ser pro marido e ter ainda que pensar em como ela pode ajudar os irmãos a terem vidas dignas.
O meio ambiente que eles vivem não ajudam em nada. O Irã pobre dos dias de hoje é um tipo de periferia extrema brasileira, onde fábricas fecham sem dar satisfação e sem pagar seus funcionários e onde os espertões golpistas se safam de punições porque criam esquemas quase piramidais de como se darem bem.
E é num esquema desses que os irmãos e a própria Leila vislumbram uma luz no final do túnel.
Se eles conseguirem dinheiro para comprarem o “negócio” escuso, eles podem ganhar um bom dinheiro rápido, que é o sonho de todo mundo que não tem dinheiro algum.
Isso se o espertão não estiver mentindo para a família.
E quando eles vão tentando resolver esse pequeno problema financeiro eles descobrem que seu pai poderia ajudá-los mas não quer.
E quanto mais descobrem detalhes, mais fundo eles descobrem ser o poço da família.
E quanto mais fundo, melhor o roteiro desta pérola que não pode se perder entre os porcos do cinemão tosco.
NOTA: 1/2