Quem diria que o Marco Bellochio, um dos diretores italianos mais iconoclastas de todos, mais ousados de todos, quem diria que ele se tornaria um dos diretores mais clássicos possíveis?
Eu!
Desculpa aí, mas eu sempre amei o Bellochio, em princípio por suas “baixarias” fílmicas, mas sempre com razão e também desde sempre por seus roteiros não só ousados, mas muito bem escritos.
Em O Traidor, filme inclusive com a brasileira Maria Fernanda Cândido, Bellochio atingiu o que chamam de “maioridade autoral”, quando o povo começa a dizer que ele fez seu filme mais autoral.
Mas na verdade Bellochio, agora mais austero, tem mostrado tudo o que sempre mostrou em filmes “malucões”, mas que agora os críticos chatos demais aceitam porque agora ele faz filme sério.
Em Exterior Noite, que é uma mini série mas teve seus 2 primeiros episódios lançados como um filme, Bellochio conta a história trágica do sequestro e assassinato de Aldo Moro, o Primeiro Ministro italiano em 1978.
O filme é sério sim, austero sim, com um roteiro beirando a perfeição, com um elenco escolhido a dedo, tudo isso resultando numa pérola, com destaque para o ator fetiche de Bellochio, o grande Fausto Russo Alesi.
Ao assistir Exterior Noite eu lembrei muito do estilo do velho Polanski em O Oficial e o Espião, aquele filme lindo e maravilhosamente dirigido por um cineasta no seu pico criativo.
Aos 83 anos de idade, parece que Bellochio tem ainda muito o que contar e a minha torcida é para que os anjos das telas leiam aqui e digam amém.
NOTA: