Olha.
Calma.
Desde o começo do ano eu vinha esperando assistir essa degraceira dinamarquesa mesmo lendo sempre as mesmas coisas.
Ou porque eu só lia as mesmas coisas.
E por aqui não vai ser diferente.
Speak No Evil, do diretor Christian Tafdrup é um dos grandes filmes de horror do ano.
E vou longe: é um dos maiores filmes de clima que eu vi nas últimas décadas.
Tafdrup consegue construir uma história desgraçada sem contar muito e sem mostrar nada, com detalhes e sutilezas horrorosas (no melhor sentido) que deixam qualquer filminho pretensioso no chinelo.
E não tô falando só de horror.
Speak No Evil é total filme de horror da vida real, bem real mesmo, onde uma família dinamarquesa, mãe, pai e filha de seus 9 anos de idade, em férias na Toscana, encontra uma família holandesa também com mãe e pai, só que com um filho da mesma idade com problemas de fala.
Todo mundo se dá bem, o holandês é um médico bem bacana, bacana até demais, ue só elogia, fica impressionado com os dinamarqueses que os convida para passarem uns dias em sua casa, no interior holandês.
Depois de meses e de muito pensarem, lá vão os 3, de carro, para uma viagem sem…
Ops, quase.
Na casa holandesa, um chalé fofo, no meio do nada (claro), os dinamarqueses ficam bem chocados com “os modos” dos holandeses: eles são grosseiros, barulhentos, sem muita educação, não respeitam os hóspedes, afinal, estão em casa.
O clima fica tão tenso que os dinamarqueses resolvem ir embora ao raiar do dia, sem se despedirem e sem dar explicações. Só que no começo do caminho, percebem que a filha deixou para trás seu bichinho de estimação e o pai, herói, como o holandês o chama na Itália, volta para resgatar o coelhinho.
E por aqui paro.
Aliás, nesse momento eu comecei a ficar com o pé atrás em relação ao filme, achei esse “truque” de roteiro bem batido mas aos poucos o diretor vai explicando porque ele veio criando tanto clima durante a primeira hora e tanto do filme.
Sim, você leu direito: a gente fica sofrendo por 1 hora e tanto neste filme por não saber que fim a história vai levar e quando a gente descobre onde chegou, o choque talvez seja o maior que eu levei com um filme em 2022
O diretor Tafdrup vinha se mostrando promissor em filmes pequenos e interessantes mas agora com esse Speak No Evil (que é o significado de um dos 3 macaquinhos cobrindo os olhos, ouvido e a boca, no caso a última) ele chega a patamares nunca dantes imaginados (tá exagerei). Mas eu acho que ele só chegou lá graças a filmes mais “extremos” pop como Hereditário e os do Ari Aster, filmes onde seus diretores não tem vergonha de mostrar até onde querem ir.
E vão lá e nos estapeiam na cara de mão aberta, pra deixar marca.
NOTA: