O único defeito de Ennio, a cinebiografia do maior de todos os compositores do cinema Ennio Morricone, dirigida pelo monstro Giuseppe Tornatore, é que eu terminei as quase 3 horas de filme com uma lista gigante de filmes que eu fiquei com vontade de rever por causa de todas as histórias que vi o mestre italiano contar sobre os seus infinitos sucessos.
E não só no cinema.
Ennio Morricone era um músico, maestro, compositor erudito malucão sem igual.
Todas aquelas músicas italianas pop que eu ouvia meus avós cantando quando eu era moleque, todas escritas por Morricone.
As centenas de trilhas que ele compôs para o cinema desde a década de 1960 são inesquecíveis e como repetem ad infinitum no filme, todas absolutamente com a cara de Ennio.
A marca registrada do italiano era, ou melhor, ainda é indelével, super reconhecível e única.
Numa das entrevistas maravilhosas da história do cinema lançada em forma de documentário, Ennio conta detalhes de cada composição, de cada filme, de cada diretor, de brigas, pazes, de parcerias com os maiores, de Leone a Pasolini, de Wong Kar Wai e Tarantino, de Bertolucci a Joffé.
Cada um tem uma história incrível sobre o compositor, cada uma sobre como a música que ele criava para cada um desses filmes levava a história por outras direções. É lindo de se ver e de se ouvir.
Nada que Ennio fazia era por acaso: do assovio às orquestras, do silêncio dodecafônico ao mais simples dos temas de amor, tudo tinha um propósito e só servia para aquela cena daquele filme, como ele mesmo dizia. Lindo demais.
Ennio é uma aula de cinema, de como se construir um documentário. Claro que todo o material ajuda muito, todas as entrevistas, os convidados, seus contemporâneos músicos italianos, os artistas que caminham sobre os passos dados pelo mestre, tudo faz com que o filme seja imperdível.
E se um dia eu disse que o Tornatore era um chato, retiro, me desculpo e a partir de agora volto a beijar o chão que ele pisa.
NOTA: