Aos 10 minutos de O Telefone Preto eu pensei “ué, o filme é baseado em alguma coisa do Stephen King e ninguém me contou?”.
Na verdade O Telefone Preto é baseado em um conto de Joe Hill, filho do Stephen King, que ao que parece, não deve nada ao pai. Ou melhor, deve tudo.
O filme foi escrito e dirigido por Scott Derrickson, dos maravilhosos Emily Rose e de Doutor Estranho e aí que mora o perigo: o cara é um ótimo diretor mas se perdeu no roteiro deste filme.
O Telefone Preto é um aparelho de telefone antigo, que está preso à parede de uma espécie de bunker subterrâneo que serve de esconderijo onde são mantidos meninos adolescentes que são raptados à luz do dia por um mascarado que usa bexigas pretas em sua van para despistar suas reais intenções.
Finney, um garoto magrelo que apanha na escola, mas que é amigo do punkzinho valentão, é o próximo moleque a ser levado pelo mascarado, depois de vários outros da sua vizinhança e de alguns de sua própria escola.
Largado nesse lugar, Finney não imaginava que sentiria saudades de seu pai violento (o cada vez mais estranho Jeremy Davies) que sempre bate na filha mais velha Gwen, por ter os mesmos poderes que a mãe tinha de sonhar com o futuro.
Gwen, aliás, é vivida pela grande surpresa do filme, a atriz Madeleine McGraw, que do alto dos seus 13 anos de idade rouba o filme.
O Telefone Preto é uma mistura de Conta Comigo e IT, com os 2 pés no sobrenatural.
Pés a mais do que deveriam, já que o problema do filme é exatamente esse lado de horror, de espíritos, de fantasmas, que aparecem do nada por um lado enquanto por outro é porcamente “explicado”.
Esse lado de horror, de terror, rouba a alma do que poderia ser um dos grandes filmes do ano. E eu tenho certeza que a culpa é do roteiro.
Enquanto o raptor de máscara (um Ethan Hawke assustador), um personagem perfeito demais como vilão de filme infantil, poderia ser mais utilizado e mais cruel do que já é, as escolhas pelo sobrenatural acabam levando o filme por água abaixo.
O diretor de O Telefone de Preto não entendeu que por mais espíritos e fantasmas e premonições e aparições que hajam no filme, o grande horror do filme é o da vida real, é o vilão, é o raptor sádico que deveria ser o antagonista principal do filme.
Apesar do meu choramingo, o filme vem rendendo centenas de milhões por onde passa, o que acredito que se repita por aqui. Só espero que não se animem e me venham com um sequência sem vergonha qualquer.
NOTA: 1/2