Adoro começar resenha assim: amo documentários sobre a podridão do mundo das artes.
E esse é mais um desses documentários sobre a podridão a manipulação, o poder e os esquemas escusos do mundo da arte, finalmente lançado pela AppleTV.
Lembra quando na década passada “encontraram” um quadro que teria sido pintado pelo Leonardo da Vinci e que estava desaparecido completamente?
Este filme conta a história de como Salvator Mundi, O Leonardo Perdido do título, passou de lenda ao quadro mais caro já vendido em um leilão de arte da história.
O Leonardo perdido foi “encontrado” em um leilão em Nova Orleans, nos EUA, por 2 caras que e dizem “caçadores de adormecidos”, ou essas obras que se tem registro de terem sido realizadas mas que ninguém sabe onde estão.
Eles compram o quadrinho por meros 1300 dólares e armam um esquema impressionante de “esquentar” a pintura, conseguindo algum tipo de validação por instituições renomadas, para ganharem um dinheirinho.
Como diz um negociante de arte no filme, se eles conseguirem provar que o quadro foi pintado por um discípulo de Leonardo, ele acaba valendo umas centenas de milhares de dólares. Se provarem que foi o próprio Leonardo que pintou, o preço vai para dezenas de milhões.
E como eu já falei aqui e aqui, em outros documentários sobre fraudes em arte, os caras fazem o que podem e o principalmente o que não podem para colocarem a mão nesses possíveis milhões de dólares.
O que esse povo não esperava, meio que como no caso do c* da Anitta, é que a história tomaria proporções históricas, envolvendo o Louvre, o Presidente da França, o maior bilionário russo e o maior vilão do mundo, o príncipe saudita Mohammed bin Salman Al Saud, o tão temido MBS.
Coitado do Leonardo da Vinci deve estar rindo até doer a barriga lá no Olimpo com essa papagaiada toda.
O que me deixou chocado foi entender de uma vez por todas como funcionam os “portos livres”, lugares onde são construídos fortes absolutamente seguros nas redondezas de aeroportos importantes pelo mundo onde se escondem, ops, se guardam fortunas em jóias, informações e claro obras de arte, lugares esses que ficam livres de impostos já que são considerados locais de trânsito (a gente já viu um desses fortes em Tenet, lembra?).
Não só o Leonardo ficou guardado em um desses como o dono do lugar, tentou dar um golpe no oligarca russo Dmitry Rybolovlev, o bilionário colecionador de arte, dono de times de futebol europeus, que pediu pro suíço dono dos cofres comprar o Leonardo pra ele e acabou pagando pelo quadro o dobro do que o suíço pagou aos primeiros donos.
Quando o russo descobriu ele simplesmente acabou com a vida do suíço. Acabou. Lindo demais de ver.
Mas o filme é triste, não só por nos fazer entender como esse mundo podre funciona, como esses valores estratosféricos existem, como funcionam os leilões, de onde vem o dinheiro, por onde passam e ao final das contas ver que uma obra desse nível, apesar de que o mercado duvida que seja um Leonardo original, acabou nas mão do MBS, o cara que mandou esquartejar um jornalista opositor, o cara que deixa o quadro mais valioso do mundo no seu iate mais valioso do mundo e não empresta, não vende, nada, a bola é minha ninguém joga.
Pra terminar, uma informação chocante vinda do filme: o mundo das artes é o mercado onde mais se esconde dinheiro, só perdendo para o mercado das drogas e da prostituição no mundo.
NOTA: