A Febre de Petrov é o novo filme do diretor russo Kirill Serebrennikov que me deixou babando com O Estudante em 2017.
A Febre estreou em Cannes ano passado e era um dos poucos que eu ainda não tinha visto.
Mais uma vez Serebrennikov impressiona com o seu saber fazer cinema.
Mas agora em um drama que vira comédia que volta a ser dama que volta a ser comédia e que se a gente bobear, acontece em um multiverso do Petrov em seus dias febris.
Como um delírio causado pelas altas temperaturas de seu corpo, Petrov, um desenhista de histórias em quadrinhos, sai pra comprar um cigarro e só volta pra sua esposa e filho pequeno depois de que ser enterrado vivo numa brincadeirinha que seus amigos bêbados fazem com ele.
E pior, Petrov em suas perambulações delirantes, acha que tudo o que acontece com ele naqueles momentos é real.
Mas real, de novo, em um universo paralelo, já que aunado ele tenta explicar os fatos, soa como o louco que sua esposa acha que ele é.
Esposa essa, aliás, que é uma mãe com mão pesada para comandar a sua casa e que quando tem seu calo pisado, principalmente no seu trabalho, se transforma em um monstro voraz.
Quer dizer, será?
Ou ela também está vivendo em um multiverso da loucura russa febril?
O que interessa é que A Febre de Petrov é absolutamente contagiante.
Os delírios cinematográficos de Kirill Serebrennikov quase se perdem por alguns momentos, mas se a gente respirar fundo a gente consegue acompanhar a pira toda e se deliciar com esse filme estranho.
Bem estranho.
Nota: