Hoje, 28 de abril, é a estreia mundial de Imagens of a Nordic Drama no festival Hot Docs canadense, um documentário norueguês incrível
Pra começo de conversa o filme é dirigido pelo ótimo Nils Gaup, diretor do grande Pathfinder de 1987.
O drama nórdico do título do filme é sobre Aksel Waldemar Johannessen, um pintor norueguês de quem ninguém nunca tinha ouvido falar a respeito que do nada, até que Haakon Mehren, um crítico de arte e colecionador, “encontra” toda a obra do cara empilhada em um celeiro no interior do país.
Aksel Waldemar Johannessen era um cara comum, casado, com 2 filhas pequenas, que morreu cedo, aos 40 anos de idade em 1922 depois de passar os anos da Primeira Guerra Mundial pintando muito, produzindo sem parar, sem nunca ter exposto ou vendido nada.
Mas diz a lenda que Munch, o maior pintor norueguês, o cara do Grito, era não só amigo de Aksel mas também fã de sua obra.
Asism nos conta o crítico, que de cara também se apaixonou pela obra e fez de sua vida torná-lo não só conhecido mas também amado, como um gênio de seu país.
O problema é que a alta inteligentsia da arte, a Academia norueguesa, achou a obra de Aksel uma porcaria, dizendo que ele mal sabia pintar, já que sua obra retrata o lado obscuro da vida, com personagens estranhos, bizarros, nada do academicismo que a crítica e os estudiosos esperariam de um artista qualquer.
O documentário nos mostra o périplo intelectual de Haakon por décadas para provar de qualquer maneira que todo mundo está errado e que ele está certo, que Aksel é bom, nível Munch, e que a Noruega é doida de não reverenciar um de seus maiores gênios artísticos.
Eu ainda não sei o que mais gostei no filme, se foi a história da carochinha de encontrar os quadros num celeiro de uma fazenda no meio do nada, o maior e mais conhecido truque da história da arte ou se foi a nóia pesada, heavy metal, do crítico e colecionador rico, que até então era meio respeitado, em fazer desse reconhecimento o grande feito de sua vida.
Colecionador esse que é dono de metade da obra de Aksel, onde a outra metade encontra-se com a família do pintor.
Já falei aqui de histórias parecidas que se tornaram também ótimos documentários, onde na Holanda um também crítico e marchand encontra um Rembrandt perdido e quer convencer todo mundo que é original em Meu Rembrandt e do outro lado do oceano, o filme Fake Art, mostra um monte de quadros perdidos de artistas famosos que foram encontrados também em uma fazenda no México causando um dos maiores escândalos de fraude da história do mercado de arte de todos os tempos.
Diferente desses 2, Images of a Nordic Drama é muito bem dirigido.
Gaup é um diretor que usa o cinema e todos os seus recursos narrativos para contar uma história que pode ser chata ou meio que nem tão interessante, transformando um documentário bem específico sobre arte em um estudo sobre o ser humano, sobra ganância intelectual, sobre visões distorcidas da história e da realidade e principalmente sobre a fama que leva ao poder, ao dinheiro e tudo de ruim que vem nessa leva.
NOTA: 1/2