Alex van Warmerdam é um diretor bem doente. Mas aquele doente que a gente tanto ama.
Lembra do Borgman, filme que ele dirigiu e lançou anos atrás, que eu elogiei pencas aqui?
NR. 10 é seu novo filme, que parece um draminha besta e de repente faz o nosso cérebro explodir em milhões de pedaços pela via láctea toda e juro, se prepara porque demora um tempinho pra recolher tudo.
O filme conta a história de Gunter e seu grupo de teatro que estão prestes a estrear uma peça.
Claro que no teatro, atrizes, atores, equipe de direção, todo mundo é estranho, complicado e só aí já daria um filme bom, visto que essa turma vem direto da Holanda, o que deixa tudo mais exótico ainda.
Mas Gunter é uma personagem cheia de detalhezinhos.
Por exemplo, ele tem um caso com seu par romântico na peça, uma atriz que por acaso é casada com o diretor que meio que descobre isso e meio que pira. (sim, a hipérbole é proposital aqui)
Ele descobre que sua filha, de seu casamento oficial, tem uma doença pulmonar bizarra, que os médicos não entendem o que é e Gunter pira, achando que todos estão contra ele.
Até que um dia, andando pela rua, uma pessoa suspira um nome em seu ouvido e adivinha: Gunter pira de novo porque sendo adotado, não sabendo de onde veio e nem quem são seus pais biológicos, ele acha que “kamaihí” é o nome de sua mãe.
Até que entra na parada um monsenhor católico, mega poderoso, desses de filmes de mistérios complicados de milhões, onde a igreja católica mostra todo seu poder. Esse monsenhor não só começa a controlar tudo a volta de Gunter como o leva para conhecer a solução de todos os seus problemas, que está nos céus, mas não é nenhum deus.
Falei que o Alex, o diretor e criador deste filme, era doido.
NR. 10 é mais doido ainda do que eu escrevi aqui.
Eu vi NR. 10 no Fantasia Fest ano passado e tinha planejado assistir mais 2 filmes no mesmo dia, o que acabou não acontecendo porque eu não queria estragar a viagem deste filme.
Se a gente vivesse em um mundo ideal, o mundo que cultua o doido grego Yorgos Lanthimos deveria cultuar no mesmo nível o holandês Alex van Wardermam.
Se Borgman já era bom, NR. 10 meio que supera, porque o filme não só é um pouco mais divertido com suas bizarrices estilísticas mas também com suas escolhas de roteiro que parecem que foram criadas e cultivadas por anos a fio.
Assista, por favor, NR. 10 que finalmente aparece por aí e ganhe, além desse pouco que escrevi acima, um dos finais mais divertidos e satisfatórios possíveis.
Depois volta aqui e me conta se eu não tinha razão.
NOTA: 1/2