Vamos combinar uma coisa sobre o mexicano Guillermo Del Toro: os filmes bons que ele dirigiu são todos falados em espanhol.
Cronos, A Espinha do Diabo e O Labirinto do Fauno.
Olha só, 3 míseros filmes em um filmografia bem vasta.
O cara como diretor é um ótimo maquiador e criador de monstros.
O resto é bem medíocre.
O único que me deixou bem impressionado quando eu assisti foi A Forma da Água, mas hoje em dia, quando penso no filme, chego a conclusão que ele não se sustenta em pé sozinho, sabe como.
Sobre o novo filme de Del Toro, O Beco do Pesadelo, só digo que é falado em inglês.
E como o sotaque do Bradley Cooper, o ator principal do filme, é bem pretensioso.
Cooper é Stan, um picareta que lá no início dos anos 1940 fugindo da polícia, acaba em um circo, daqueles com aberrações e tudo mais.
Ele primeiro se torna um faz tudo do circo, ajudando todos os artistas, até que se aproxima de um deles, o mentalista truqueiro, aquele que adivinha as coisas e os pensamentos das pessoas.
Nisso ele descobre um dom, sai do circo com a linda Molly (Rooney Mara que até sorri no filme) e vira um grande mentalista/truqueiro de sucesso.
Até que uma psicóloga, vivida pela diva Cate Blanchett, meio que entende o método picareta de Stan e esperta que é, usa de seus dotes para “atiçar” Stan e o mágico de circo vira o “contato com os mortos” oficial dos ricaços da região.
Del Toro se perde em O Beco do Pesadelo, que além do pesadelo deve não ter luz, sabe aquelas ruazinhas do mal que a gente encontra em uma cidade desconhecida?
O diretor mexicano fica horas no circo, hoooras contando como Stan ajuda os freaks todos sendo o que seria interessante passar por lá rapidão e mostrar o que realmente acontece na parte que interessa, que é a treta toda da cidade grande.
Mas acredito que o sonho de Del Toro, um deles, era fazer um filme que se passasse em um circo, né? Cheio de gente estranha e cheio de direção de arte linda.
Quando a história vai para a cidade grande, a direção de arte do filme dá uma guinada de 180 graus e o que era tosco circense vira uma desfile de art deco inacreditável, em cenários que parecem saídos de um filme expressionista alemão, que na verdade não condiz com a história pseudo gótica que nos é contada.
O Beco do Pesadelo é citado e explicado no filme como sendo um lugar na cabeça das pessoas que se elas lá chegam, podem se perder e não encontrar saída.
Nunca mais.
Guillermo Del Toro nos leva para uma viagem por um caminho que se distancia ridiculamente da viagem ao interior do cérebro de seus personagens e vai por um caminho fácil e óbvio, pena que de uma história que muito prometia.
Apesar, ou por causa, de todo os milhões de dólares que o diretor teve para fazer seu filme e contratar um elenco estelar que vai do Bradley, Rooney e Cate a Willem Dafoe, Toni Collette, Paul Anderson, Richard Jenkins, David Strathairn e o preferido do mexicano Ron Pearlman, O Beco do Pesadelo não chega é mais um pesadelo milionário que um filme bom em si.
Volta pro México pra filmar, Guillermo, nunca te pedi nada.
NOTA: 1/2