E vamos de representante da Finlândia na corrida ao Oscar de filme internacional de 2022.
Compartment Nº 6 recebeu o Grand Prix no Festival de Cannes de 2021 e é o tipo de filme com uma estranheza que tem aparecido cada vez mais ultimamente.
Estranheza, aliás, que eu amo.
O filme é o anti plot twist, o anti reviravolta de roteiro, utilizado para pegar desavisado em Hollywood.
Compartment Nº 6 é o filme que depois de meia hora assistindo eu penso “pera, onde vai parar isso, não tô entendendo qual o ponto desse roteiro”.
O roteiro sempre é bom demais, muito bem escrito, mas geralmente esses filmes demoram um pouco demais para revelarem “de onde vieram e pra onde vão”.
E quando a gente vê pra onde foi a história da finlandesa Laura que está atravessando a Rússia para ver uns famosos petróglifos, a coisa fica linda demais.
O compartimento do título é a cabine número 6 onde Laura vai passar dias de viagem, dividindo com Ljoha, um russo tosco que mal sabe onde fica a Finlândia, quem dirá os tais petróglifos.
Muito parecido com A Pior Pessoa Do Mundo, um dos melhores filmes recém lançados, Compartment Nº 6 não só nos inebria com seu roteiro certeiro e seus personagens tão únicos como tira o chão de nossos pés quando chegamos ao final da história mais improvável de todas.
Ao mesmo tempo que estarão enclausurados na mesma cabine de trem nada luxuoso em uma Rússia que mais parece um país de terceiro mundo, a universitária Laura tenta de todas as formas manter uma distância segura do peão Ljoha, mesmo sendo uma mulher inteligente o suficiente para conseguir “domar” a fera, o que ela logo percebe ser possível, de uma forma ou de outra.
O diretor Juho Kuosmanen consegue colocar o espectador dentro da cabine número 6 e nos deixar muito íntimos de Laura e Ljoha a ponto de torcermos pelo impossível.
Como ele diz em um momento que a convida para conhecer uma amiga “velha” dele, “você vai gostar dela porque gosta de coisas velhas, por isso não gosta de mim”.
Filmaço.
NOTA: 1/2