Unclenching The Fists é um filme russo, de uma região chamada Ossetia onde tudo parece mais estranho do que um filme russo já parece normalmente.
O filme é sobre Ada, uma jovem que mora com seu pai e com seu irmão menor e que só quer sair de casa, ir pra outro lugar, casar, fugir, sumir.
Qualquer dessas opções que a tire mais rápido de uma vida que ela odeia.
O filme ganhou o prêmio máximo na mostra Um Certo Olhar no festival de Cannes de 2021 e é o representante da Rússia na corrida pelo Oscar Internacional deste ano.
Enquanto eu via o filme eu não entendia o porquê de tanta festa em torno desse filme.
Até que eu entrei na história da diretora Kira Kovalenko e acabei gostando muito do filme mas não sei se pelos motivos certos.
O título do filme quer dizer “abrindo os punhos”, que representa duas coisas no filme.
Uma literal, já que o pai de Ada sofre de uma doença qualquer que de repente ele fica meio que petrificado, seus punhos se fecham, se corpo enrijece e ele precisa ser levado imediatamente para o hospital para tomar injeção.
Mas o real significado é que Ada leva uma vida como se tivesse alguém a segurando. E tem.
Seu pai não deixa que ela faça nada, a ponto de esconder seus documentos.
Seu irmão também tem Ada sob vigilância velada o tempo todo.
Parece que é amor mas não, é abuso.
Ela tem que usar cabelo curto porque o pai quer. Ela não pode usar perfume porque o pai não deixa.
E assim vai.
Mas Ada tenta namorar, se apaixonar pelo ruivo do bairro para que possa casar e ir morar com ele.
Como disse, qualquer coisa menos continuar na casa do pai.
Até que chega seu irmão mais velho, que havia fugido de casa anos antes, o que parece ser a solução para os problemas de Ada.
Tadinha.
O filme da diretora Kovalenko é um horrorzinho.
A vida de abuso que Ada leva é pesada.
E Kovalenko faz questão de nos mostrar o quanto é pesada, o quanto é complicado viver sendo perseguida e tolhida o tempo inteiro.
O filme é tão punk, tão sem limites (no melhor dos sentidos) que perto do final a diretora brilhantemente junta a metáfora do título a uma situação real e inesperada.
Surpresa das melhores.
NOTA: 1/2