Pra fechar esse ano com chave de ouro eu resolvi falar de The Novice, um filme que estava na fila pra ser visto e que eu resolvi esses últimos dias arriscar e que surpresa mais que incrível.
A estreia na direção da talentosíssima Lauren Hadaway me deixou de queixo caído de quatro E passado.
O filme é a melhor tradução do que eu costumo chamar de horror da vida real, contando uma história que poderia acontecer com qualquer um de nós.
No filme, uma caloura universitária, Alex (o ícone do horror Isabelle Fuhrman, a órfã de A Órfã), entra para o time de canoagem e aos poucos a gente vai percebendo o quanto ela é “obstinada”.
E não só nos treinos com o time, porque ela logo pretende remar com as atletas principais da universidade.
Mas a gente vê o quanto ela é “focada” em seus estudos, principalmente de física, onde ela faz e refaz suas provas por diversas vezes até chegar à nota máxima.
Porque com Alex é assim, ou o máximo ou ela não dorme, não come, não toma banho, não vive.
A obstinada e focada na verdade tem uma paranóia extrema com a perfeição, onde nada mais importa.
Se o treino está marcado para as 5 da manhã ela chega as 4 e meia e espera o resto do time chegar.
Se o recorde do treino é, por exemplo, 14 segundos para atingir uma meta qualquer, ela faz uma tabela de que em tantos dias ela TEM que bater o recorde e vive para isso.
Ela faz questão de que todo mundo ao seu redor saiba o que ela procura e o que ela tenta ser, não se importando que as outras meninas do time, ou o treinador, ou a treinadora chefona vão pensar dela.
E nem o que seus professores, ou a coordenadora de física vão pensar dela.
Em princípio todo mundo fica impressionado com a dedicação de Alex mas aos poucos eles vão vendo que a garota está sofrendo fisicamente e que sua paranóia é mais perigosa do que eles esperavam.
E o pior: perigosa pra ela mesma.
The Novice (A Novata) tem 3 grandes acertos.
O primeiro foi a escolha de Isabelle para ser Alex, melhor atriz para a melhor personagem.
O segundo é o roteiro, tão bem escrito com tantas situações criadas para que entendamos suas personagens que parece que tudo aconteceu de verdade mesmo.
O terceiro e talvez principal acerto é a direção de Lauren que não poderia ser mais incisiva.
Nenhum plano criado pela também roteirista está no filme por acaso: cada close, casa respiro, cada plano geral, cada movimento de câmera serve não só para contar a história de Alex e sua nóia em ser perfeita mas principalmente para nos colocar dentro da história e fazer com que seu espectador se sinta em princípio confortável por ter essa intimidade toda com o filme mas depois, e principalmente, para fazer com que a gente se sinta tão responsável por tudo o que acontece quando a gente nem percebia o redemoinho paranóico que Alex estava nos levando de mãos dadas, bem sutilmente.
The Novice é uma das grandes e boas surpresas que tive em 2021 e só espero que terminar o ano escrevendo sobre um filme tão incrível dê sorte para o que vem em 2022.
Feliz Ano Novo!
NOTA: