Em certo momento de The Humans, o filme queridinho do momento sobre um jantar de Ação de Graças, Brigid conta para sua família que a está visitando pela primeira vez em seu apartamento novo em Manhattan, que seu noivo Richard ama terror e que seus personagens preferidos são monstros de outro planeta que quando contam histórias de terror para seus filhos, conta histórias sobre nós seres humanos, terráqueos.
E daí Richard tem que explicar que para os monstros de outros planetas, nós somos os monstros de outros planetas.
Obviamente que néo precisaria explicar nada de tão pedestre que é a comparação e principalmente a pretensão do autor e diretor Stephen Karam, autor também da peça de teatro de onde veio o filme.
Brigid é uma jovem autora de música clássica (Beanie Feldstein, ótima) desempregada que se mudou para um apartamento podre de aluguel caríssimo com seu namorado Richard (Steven Yeun, quase preguiçoso) e que tenta convencer seus pais, sua avó moribunda em uma cadeira de rodas e sua irmã lésbica Aimee, que só chora (Amy Schumer, chocado, bem no papel), que aquele apartamento vai ser o lar dos sonhos do casal.
Isso num malfadado jantar de Ação de Graças, aquele onde todas as famílias americanas brigam muito por tudo, mas como Aimee diz, já que não temos dinheiro pra terapia, a gente chora uma vez por ano nesse jantar.
Apesar de todas as tentativas de truques cênicos (sim, porque tenho certeza que isso veio da peça em si também) de fazer o apartamento ser mais porcaria do que realmente é com closes dos infindos problemas e barulhos vindos do prédio inteiro, os humanos dessa família não assustariam os monstros de outro planeta.
Os problemas dessa família não chegam aos pés de uma novela das 6 da tarde: pai que não acredita nas filhas, traição, ex obsessiva, falta de dinheiro, falta de vergonha na cara, nada surpreende para tanto, nada que cause um monte de brigas num jantar ou num almoço de domingo na casa da mãe por aqui.
Mas o filme não é ruim, só não é essa maravilha que estão querendo nos empurrar garganta a baixo, bom pra assistir no “thanksgiving” deles que é hoje, enquanto a gente come um sanduíche de peito de peru.
NOTA: 1/2