Pode um filme porcaria dar uma indicação ao Oscar a sua atriz principal?
Olha, já tivemos casos desses no passado e eu posso apostar que Os Olhos de Tammy Faye farão com que a Jessica Chastain seja indicada não só ao prêmio máximo do cinema de Hollywood mas também a vários outros quando mês que vem a temporada começar.
O filme conta a história bizarra de Tammy Faye e seu marido Jim Baker que saíram do zero para serem um casal milionário, criador da maior rede de televisão americana religiosa nos anos 1970/80 e também dos maiores parques de diversão cristãos.
Na verdade o casal teve de tudo à venda, tudo que eles conseguissem colocar o nome de Jesus no meio, claro.
Só que com tanto dinheiro rolando, Jim bem safadinho por baixo dos panos, arma esquemas absurdos de sonegações e enrolações monetárias, além de viver uma vida gay bem agitada.
O problema deste filme é que mais uma vez a pseudo coerência histórica estraga qualquer possibilidade de um roteiro interessante.
Parece que o povo não aprende que dane-se a vida real.
Se você vai fazer uma ficção que seja baseada numa história real ou num livro, ou numa música ou no que quer que seja, você deve privilegiar a história fílmica, o contar a história cinematograficamente.
Os Olhos de Tammy Faye do título eram bizarramente a marca registrada da televangelista, que não poupava nada para atingir um grau estético só dela.
Chastain entra direitinho na pele e na alma da personagem não só com uma maquiagem perfeita mas também com outra voz, praticamente outro corpo, que em nenhum momento do filme a gente lembra da bela Jessica.
O que ela entrega é aula.
E por isso que apesar de todos os pesares, de toda a mesmice do filme, que poderia ser um filme genérico sobre um casal de picaretas brasileiros, por exemplo, já que não tem identidade nenhum fora da Jessica.
Nem o Andrew Garfield, que é um ator bacaninha, engana no papel do marido pilantra.
Nem a mãe de Tammy, vivida pela gigante Cherry Jones, consegue salvar as poucas cenas que ela participa.
O filme só teve uma surpresa pra mim, o cantor Mark Wystrach, como um produtor musical atiradinho.
E olhe lá.
O filme estreia por aqui na Disney em fevereiro de 2022.
NOTA: