Faz exato 1 mês que eu assisti Lamb no Fantastic Fest e faz exato 1 mês que eu tô me segurando pra escrever sobre o filme que ninguém conseguia assistir.
Até que a #MostraSP #45Mostra anunciou exibições presenciais do filme e melhor ainda, desde ontem opetardo islandês está disponível pelas internets da vida.
Agora tenho como falar e com quem falar.
Lamb é meio que irmão gêmeo de Titane, o absurdo francês, meu preferido de 2021.
Se você leu o que eu (não) escrevi sobre Titane aqui, vai entender o porquê de eu também (não) escrever sobre Lamb.
Lamb é um filme que na minha opinião, quanto menos você souber do que se trata melhor.
Eu não vou nem colocar o trailer lá embaixo porque já mostra até mais do que deveria com um mini spoiler.
MAs mesmo que você já tenha visto o trailer, garanto que o filme vai te deixar sem queixo, já que ele vai cair e sumir.
Lamb conta a história de um casal de fazendeiros islandeses que vivem literalmente no meio de montanhas de gelo e que começam a criar com muito carinho e cuidado uma ovelha que acabou de nascer.
Fim.
Isso é tudo que você precisa saber.
Lamb é plácido, quase sem diálogos, estrelado por um casal incrível, minha preferida Noomi Rapace e o lindaço islandês Hilmir Snaer Guonason que vivem em uma casinha linda, com uma rotina ótima onde eles conversam sem precisar trocar muitas palavras.
Maria e Ingvar cuidam de sua fazenda e de seus animais com o maior amor e dedicação possíveis e a gente nem fica surpreso quando eles aumentam essa dedicação toda à ovelha recém nascida.
O que a gente não sabe é que o diretor Valdimar Johannsson fica nos preparando o tempo inteiro em um filme que cria clima, cria desespero, cria tensão, principalmente depois que o rimão de Ingvar, Petur, chega para passar uns dias com o casal.
O bom de Lamb é que por mais que a nossa criatividade aliada a nossa curiosidade vão para caminhos quase “obscenos”, o que Valdimar nos entrega não está a milhões de quilômetros de distância.
Lamb, como Titante, é um tapa na nossa cara depois do outro, é tiro, porrada e bomba.
Lamb é um filme sem vergonha de ser o que é, de vir a que veio e de nos levar por esse caminho onde a gente flutua ao mesmo tempo que vai recebendo pedradas no cérebro o tempo inteiro.
Lamb parece que estreia no Mubi em fevereiro do ano que vem, pouco antes do Oscar, já que é o candidato da Finliandia ao prêmio de filme internacional.
Estreia inclusive junto com Titane, candidato da França ao mesmo prêmio, também comprado pelo Mubi.
Ao que tudo indica as únicas exibições do filme no cinema serão estas da #MostraSP mas tudo bem, Lamb está além de sala de cinema, além de Mubi, além de tudo
Eu disse na minha resenha que Titane era o futuro do cinema, um filme que é maior que tudo.
Eu coloco Lamb no mesmo patamar.
Lamb é drama, é terror, é horror, é suspense, tudo isso envolto em um ar de ficção científica caipira, com 2 personagens que parecem ter saído de um filme do Bergman mas que sorriem de felicidade como num filme religioso do Manoel de Oliveira, só que se esses mestres do cinema estivessem lançando seus primeiros filmes em 2021, com toda a experiência e referência dessa segunda década desse século que já está maldito.
É isso, Lamb é um filme maldito. E abençoado. Só não sei por quem.
NOTA: