Aquela vontade diária que todos nós temos de “vou pegar meus 3 reais no banco, jogar tudo pra cima, mandar todo mundo às favas e sair por aí” acontece em Surge com Joseph (o melhor papel do sempre ótimo Ben Whishaw).
Ele é um inspetor de segurança em um aeroporto inglês, checando os passageiros nas máquinas de Raio-X. Um dia em um problema de “tradução”, Joseph pira e sai fora.
E ele tem motivos pra isso, claro, como nós todos sempre temos.
Mas Joseph mora com os pais escrotos, não namora, não tem amigos, odeia o trabalho.
No ótimo filme de Aneil Karia, a gente não tem certeza se Joseph jogou tudo pra cima pra se livrar da mediocridade toda que o rodeia ou se ele só pirou mesmo.
E a gente não descobre, o que é mais legal.
A gente só torce por ele quando ele vai roubar um banco, quando ele sai pelado na rua, quando ele convida a amiga pra sair.
Se enxergar em Joseph é nossa primeira reação.
Entender que sua vida era medíocre e de novo nos espelharmos é a próxima.
Torcer por ele, por esse anti herói é o óbvio.
O que não consegui entender se é bom a gente se enxergar tanto assim porque apesar da coragem, é também o fundo do poço.
Surge não é um filme pra cima, de mensagem “neo-liberal”estúpida ou inspiradora.
A câmera na cara dos personagens nos coloca dentro da história, mas a pequena distância necessário para estarmos lá também não deixa que entremos na alma nem no cérebro de Joseph para saber exatamente o que está acontecendo e pra onde isso tudo o levará.
NOTA: