Devo confessar que eu quase não assisti Glasshouse porque o poster do filme na página de exibições para imprensa no Fantasia Festival era horroroso.
Parecia um poster de filme adolescente errado dos anos 1990. Não que este poster aqui publicado seja bom, mas imagina o que eu vi primeiro que espantava demais.
Mas num dia de pouca opção eu vi e olha, que bom que eu arrisquei.
Glasshouse é um drama distópico sul africano onde uma (olha lá de novo) gripezinha acaba com o mundo e faz com que as pessoas percam a memória de forma permanente.
Elas não só não se lembram quem são mas também precisam aprender tudo de novo sobre onde estão, com quem estão.
Para que isso não aconteça, elas precisam usar máscara (olha lá de novo) ao ar livre e se protegerem do ar livre. O horror, né, quem diria ter uma ideia tão maluca quanto essa.
Bom, uma família vive escondida no meio de uma floresta comandada por uma matriarca bem sábia, que com suas 3 filhas e 1 filho, sobrevivem muito bem dentro de uma glasshouse, de um casarão lindo de vidro, que também é uma estufa.
As 4 precisam mulheres também cuidar do garoto que foi infectado pelo ar e vive em um estado quase de vida paralela.
Ela aprendeu de novo onde está, quem são as 4 ao seu redor mas ele perde o controle muito facilmente, tanto que precisa dormir acorrentado, para não acordar enfurecido e sair quebrando tudo.
Tudo isso como consequência do não uso de máscara, veja só
Um dia aparece um desconhecido nas terras da família.
Ele está ferido, desmaia e ao contrário do que diz a “lei” da mãe, as filhas levam ele para dentro de casa para ajudar em sua recuperação.
A mãe, que sabe tudo, manda que o cara fique também preso por correntes para que a família não corra nenhum risco com esse desconhecido.
Só que aos poucos o homem vão de uma forma ou de outra seduzindo as mulheres até que ele seja solto e viva com a família.
Claro que as coisas não dão tão certo quanto algumas pessoas esperavam mas a obviedade do roteiro e os pequenos buracos da narrativa são compensados com uma ideia inteligente e principalmente com uma direção de elenco incrível.
Glasshouse poderia ser considerado uma versão distópica de O Estranho que nós Amamos, a refilmagem da Sofia Coppola pro filme do Don Siegel.
Acontece que Glasshouse talvez seja menos fofo, menos romantiquinho e mais pesado, com um suspense maior, mas sem sustos e sem surpresas absurdas.
O clima todo do filme é uma mistura de claustrofóbico com catastrófico, um filme sem esperanças que surpreende com o tipo de adaptação que precisa ser feita quando aparece o tal “novo normal”.
E ele nunca é bom.
NOTA: