Silenciadas, o filme espanhol de bruxas lançado pela Netflix é bacana demais.
Primeiro que não é um horror, é sobre bruxas na inquisição espanhola, lá no século XVII.
Na verdade é sobre inquisidores que chegam a uma cidadezinha no país basco (lugar mais lindo da Espanha pra mim) a procura de bruxas que na verdade são meninas que iam se divertir cantando e dançando na floresta.
O que durante a inquisição, como os padres deixam bem claro, cantar e dançar na floresta era a forma mais comum de entrar em contato com Satanás, então cantar e dançar estava proibido na época, mulheres que os faziam eram consideradas bruxas.
E esses padres fofos já mataram 77 delas em seu caminho de limpeza espiritual.
Olha o absurdo.
Eles prendem as meninas e tentam como podem que elas confessem serem bruxas e confessem realizarem os rituais satânicos.
As meninas, sim, meninas, adolescentes, filhas de pescadores e de tecelãs, mas já bem espertas, chegam a conclusão que vão morrer de qualquer maneira, se negarem ou se assumirem, porque os inquisidores já chegavam com suas opiniões prontas, só procurando provas para acenderem as fogueiras.
Como os pescadores estavam a 1 semana de voltarem do mar e assim poderiam salvar suas filhas, elas resolveram que se assumiriam bruxas e passariam os próximos dias contando histórias de seus rituais e encontros satânicos, claro que todas inventadas, para ganharem tempo.
Silenciadas, como perceberam até aqui, é uma mistura de Footloose com As Mil e Uma Noites, onde as jovens são proibidas de se divertir e para não morrerem, resolvem contar histórias que terminarão no dia seguinte.
E no próximo.
E no outro.
Um toque lindão é que as meninas falam basco e os espanhóis piram porque não as entendem, dizendo que é língua de animais.
O filme é dirigido pelo ótimo argentino Pablo Aguero, um cara que deixa sua marca de diretor preciso e ousado em todos os seus filmes.
Aqui em Silenciadas ele não só dá um baile com seu elenco como usa o que pode, cenograficamente falando, para contar sua história.
E aí, sem spoiler, tem uma pitada generosa de Os Suspeitos, na construção das histórias fictícias, coisa mais linda.
NOTA: